Estudo da Mayo Clinic com 125 atletas indica
que há risco mínimo mesmo com diagnóstico.
Colaboração de texto: Luisa Pascoareli/Sherlock
Foto: Pexels
Atletas com doença cardíaca genética
frequentemente são considerados inaptos a participar de esportes competitivos
devido ao risco de parada cardíaca súbita. Embora a intenção dos médicos seja
compreensível, será que essa é necessariamente a melhor abordagem?
Pesquisadores da Mayo Clinic realizaram uma
avaliação de atletas que foram tratados na Mayo durante 20 anos e os resultados
encontrados e publicados na revista Mayo Clinic Proceedings sugerem que depois
que a doença do paciente foi avaliada e tratada, o retorno seguro do atleta à
prática é possível, mesmo com um cardioversor desfibrilador implantável (CDI).
“Apesar de o risco de um evento cardíaco
impactante desencadeado pela doença não ser zero, os dados do nosso estudo
mostram que atletas com CDIs podem participar com segurança de esportes de alta
intensidade com risco mínimo de danos ao dispositivo durante a competição ou de
outros eventos adversos”, diz o Dr. Michael Ackerman, Ph.D., cardiologista
genético da Mayo Clinic e autor sênior do artigo. “Entretanto, antes de isso
acontecer, o atleta deve passar por uma avaliação clínica completa com
entendimento integral dos possíveis riscos e um plano de tratamento que seja
bem compreendido e cumprido.”
O Dr. Ackerman e seus colegas conduziram a
avaliação de 125 atletas com doença cardíaca genética (sendo as mais comuns a
síndrome do QT longo e a cardiomiopatia hipertrófica) que receberam um CDI
anteriormente e foram tratados na Clínica do Ritmo Cardíaco Genético Windland
Smith Rice da Mayo entre julho de 2000 e julho de 2020. O estudo é a avaliação
mais abrangente de resultados de atletas com CDIs que puderam retornar à
prática de esportes competitivos.
No geral, 42 incidentes de interrupção de
fibrilação ventricular (um ritmo cardíaco potencialmente letal) por CDI foram
relatados por 23 atletas no período de acompanhamento de cerca de 3 anos e
meio. Atletas com CDI tiveram maior probabilidade de sofrer um evento cardíaco
impactante do que aqueles cujo programa de tratamento não exigia um, o que
mostra que os pacientes em risco apropriados receberam o dispositivo. Mais
importante, não houve mortes associadas à prática de esportes nem relatos de
danos a um CDI relacionados à prática de esportes.
O Dr. Ackerman diz que, até recentemente,
atletas com doenças cardíacas genéticas, com ou sem CDI, eram considerados
inaptos à prática da maioria dos esportes competitivos.
“Essa abordagem prejudicou substancialmente a
vida de centenas, se não milhares, de atletas em todo o mundo, emocionalmente e
psicologicamente”, diz o Dr. Ackerman. “Nosso programa na Mayo Clinic liderou
com uma abordagem de tomada de decisões compartilhada nas últimas duas décadas,
e nós auxiliamos o retorno à prática esportiva de mais de 700 atletas até hoje,
incluindo atletas com CDI. Mudamos o paradigma de apenas prevenir a morte
súbita associada a doenças cardíacas genéticas para possibilitar e esperar que
nossos pacientes, atletas ou não, prosperem apesar de seu diagnóstico.”
A pesquisa foi apoiada pelo Programa
Compreensivo de Morte Súbita Cardíaca Windland Smith Rice da Mayo Clinic e pelo
Centro de Ciências Clínicas e Translacionais da Mayo Clinic, por meio de um
subsídio do Centro Nacional de Avanço em Ciências Translacionais, que faz parte
dos National Institutes of Health. Para obter uma lista completa de autores,
divulgações e financiamento, veja o artigo da pesquisa.
Sobre a
Mayo Clinic
A Mayo Clinic é uma organização sem fins
lucrativos comprometida com a inovação na prática clínica, educação e pesquisa,
fornecendo compaixão, conhecimento e respostas para todos que precisam de cura.
Visite a Rede de Notícias da Mayo Clinic para obter outras notícias da Mayo
Clinic.
Atletas com doença cardíaca podem competir. |
Foto: Pexels
Nenhum comentário:
Postar um comentário