A bicicleta é mais viável nos momentos de crise
por ser bem mais barata, se enquadram na recomendação da OMS e são mais seguras
que encarar as aglomerações nos transportes públicos coletivos.
Colaboração de texto e foto: Hendrik Aquino
São Tomé ficou conhecido como o apóstolo que só
acreditou após ver, daí surgiu a frase: “Só acredito, vendo”. A dúvida, pode
nos favorecer em muitos momentos, permitindo-nos, por exemplo, buscar mais
informações antes de tomarmos uma decisão importante. No entanto, muitos de
nós, acaba perdendo grandes oportunidades por não acreditar no que está diante
dos nossos olhos.
É o caso das bicicletas. Após perceber o quanto
elas são importantes no planejamento urbano, passei a vê-las com mais
frequência e em todos os lugares. Quando se fala em esporte, lá está ela.
Quando se fala em lazer, saúde, meio ambiente, mobilidade, turismo, educação e
em diversos outros temas, a bicicleta está presente podendo desempenhar até um
papel de destaque.
Há mais de um ano, o que mais se fala, em todos
os veículos de comunicação é sobre a... pandemia, causada pelo Covid-19 e as
medidas restritivas para se evitar a contaminação. Diante do cenário inédito em
todo o planeta, muitas empresas estão fechando, trabalhadores perdendo os seus
empregos, pessoas morrendo e grande parte dos segmentos enfrentando uma grave
crise econômica. O ano de 2020 foi quase que completamente “perdido” para boa
parte do comércio diante de tantas dificuldades, no entanto, eis que surge,
mais uma vez, a bicicleta, com um aumento de 50% nas vendas de 2020 em
comparação a 2019**. Mas como assim? Como pode a bicicleta ter um aumento tão
expressivo em vendas no mesmo ano em que a economia entrou em crise e pegou a
todos de surpresa? A resposta é simples: A bicicleta é mais viável também nos
momentos de crise. Bem mais barata para ser comprada e mantida que um automóvel
ou uma motocicleta, a “magrela”, como também é chamada, se enquadra na
recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto ao distanciamento e
ampliou a sua participação como meio de transporte, pois as pessoas se sentiram
mais seguras, devido a menor quantidade de automóveis circulando nas ruas e,
até mesmo, optaram por pedalar em vez de encarar as aglomerações nos
transportes públicos coletivos. A bike também merece destaque no quesito saúde.
Diante de tantas notícias sobre o assunto, muitas pessoas lembraram da velha
recomendação médica sobre praticar atividades físicas. Como se não bastasse, a
bicicleta está dando também uma significativa contribuição na geração de
emprego e renda, sobretudo no trabalho por delivery, influenciando assim o
crescimento do mercado de bicicletas no Brasil.
São tantos os benefícios gerados pelas
bicicletas que a Organização das Nações Unidas (ONU) criou uma força tarefa
para garantir a sua continuidade nas cidades europeias, incentivando a
mobilidade ativa e transformando propostas em políticas públicas, adequando o
planejamento urbano acolhendo os ciclistas e pedestres para que utilizem de
maneira mais segura as ruas e os demais espaços públicos.
Em Lauro de Freitas, na Bahia, um passo
importante já foi dado com a criação da Lei 1.892/2020, que destina o
percentual de 5% da receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito
para a implantação e sinalização exclusivamente voltada aos ciclistas. Quando
implementada, a medida ampliará a segurança dos que já pedalam, incentivando o aumento
do uso da bicicleta, elevando o desenvolvimento da cidade com a geração de
emprego e renda, além de um novo status em relação tanto ao conceito de
modernidade como de sustentabilidade.
É possível acreditar nas possibilidades de
desenvolvimento sustentável para as cidades. Só não vê quem não quer.
* Hendrik Aquino é designer e jornalista,
pós-graduado em planejamento urbano e gestão de cidades.
** Levantamento realizado pela Aliança Bike.
O jornalista Hendrik Aquino nunca viu tanta bike na rua. |
** Levantamento realizado pela Aliança Bike.
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