Novo modelo pode dar estabilidade aos clubes e
eliminar o fanatismo e agressividade dos torcedores.
Colaboração de texto: Anderson Guerreiro/William
Lara/Nova PR
Colaboração de foto: Felipe Oliveira/ECB
A chegada das SAF’s (Sociedade Anônima do
Futebol) trouxe uma nova lógica de governança para os clubes que se assemelham
a empresas privadas tradicionais, eliminando o modelo associativo tradicional. Na
prática, para um clube se tornar uma SAF ele precisa ter parte de seus direitos
vendidos a investidores interessados, além de ter essa decisão passada por
todos os órgãos do clube e ser aprovada pelos associados com direito a voto.
Gabriel Seijo, sócio do escritório Cescon
Barrieu, banca que assessorou o Esporte Clube Bahia no seu processo de
transformação em SAF, ressalta que elas vão revolucionar o futebol brasileiro.
“O modelo facilitará a atração de investimentos e a introdução de mecanismos de
governança, gerando ganhos imediatos e a longo prazo. Elas envolvem desafios
incomuns em operações de M&A”.
O advogado alerta que a mudança deve levar em
conta o respeito à paixão de milhares ou milhões de torcedores, e é preciso
cuidado com as cláusulas de identidade e memória. “No ambiente da SAF, o clube
se torna um acionista peculiar: seu principal interesse não é financeiro – por
exemplo, o recebimento de dividendos ou a valorização das ações para futura
venda –, mas sim a melhoria dos resultados esportivos, a perpetuação da
entidade e a preservação de seus laços com a comunidade”, diz.
“Esse processo pode fortalecer os principais
times da série A e dar um impulso para as equipes da série B”, explica Ivan
Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM, prosseguindo: “porém, a
expectativa é que tais métodos impactem de forma relevante a maneira de
gerenciar que se conheceu até aqui, mas os resultados de qualquer forma sempre
serão construídos por pessoas, daí a importância da seleção dos profissionais
com afinidade a nova cultura, sejam eles existentes nos clubes ou trazidos de
fora, não somente uma mudança no modelo”.
No campo do investidor, o maior desafio é
alinhar interesses econômicos vislumbrados pelos sócios aos desejos de
resultado desportivo do clube. Segundo Daniel Laudisio, sócio do Cescon
Barrieu, embora à primeira vista esses interesses possam parecer colidentes,
eles têm inúmeras intersecções que permitem um formato de transação que, embora
seja um pouco distinta de uma fusão e aquisição tradicional, alinhe os
interesses das partes de forma harmônica. “É possível manter um futebol
competitivo ao mesmo tempo que o investidor tenha proteção e retorno de seu
investimento”.
Martinho alerta que ganhar faz parte da missão
de qualquer entidade esportiva competitiva, porém avaliar os riscos do
investimento, medir seu respectivo retorno e se responsabilizar por eventuais
fracassos muda a maneira como tais decisões serão tomadas.
A SAF do Bahia vai revolucionar o futebol brasileiro. |
Colaboração de foto: Felipe Oliveira/ECB
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