Competição retorna para o continente africano
após 84 anos e brasileiros buscam escrever um novo capítulo de uma história de
conquistas.
Colaboração
de texto: Nelson Ayres/Fato&Ação
Colaboração de foto: ITTF Américas
A principal competição de tênis de mesa do
planeta vai começar. O Campeonato Mundial Individual e de Duplas começa neste
sábado (20) e segue até o outro domingo (28), em Durban, na África do Sul. Por
si só, um momento histórico, já que a competição não é disputada no continente
africano há 84 anos, com sua última edição tendo acontecido na capital do
Egito, Cairo, em 1939. E o Brasil quer também fazer parte dessa nova História,
com possibilidade de uma inédita medalha. Confira a seguir todos os detalhes
desse torneio!
Um
pouquinho de Portugal
A África do Sul tem 11 idiomas oficiais e
nenhum é o português. Em Durban, o Zulu é o predominante. Porém, a colonização
da cidade – que lembra muito as capitais litorâneas do nosso país – explica um
pouco essa entrada do Português, que alguns habitantes conseguem se arriscar.
O navegador Vasco da Gama foi o primeiro a
avistar a região, em 1497, quando procurava rotas entre a Europa e a Índia.
Assim, nomeou o local de Natal. Daí, o nome da província onde fica Durban:
Kwa-Zulu Natal. Até hoje, ainda é possível ver lembranças e palavras que
remetem à passagem dos portugueses.
Com quase 3 milhões de habitantes, a cidade é
extremamente agradável, banhada pelo Oceano Indico. Chama a atenção o grande
número de asiáticos, especialmente indianos, resultado da migração ocorrida nos
séculos XIX e XX, para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar.
Muitos
anos de ausência
A última – e única – vez que o continente
africano recebeu um Mundial de Tenis de Mesa Adulto foi em 1939, no Cairo. Era
a 13ª edição da competição e o esporte tentava sobreviver aos efeitos da
Segunda Guerra Mundial, fugindo da Europa em chamas. Seria a última edição
antes de uma paralisação de oito anos.
A modalidade era bem diferente dos dias atuais.
O Brasil não teve representantes naquela edição. Somente dez anos depois, na
Suécia, o primeiro mesa-tenista do país participaria de uma competição:
Dagoberto Midosi. Era também uma época onde o tênis de mesa era dominado pelos
países do Leste Europeu. Hungria e Tchecoslováquia brigavam pela hegemonia nas
mesas. Os tchecos levaram a melhor naquela edição, conquistando três medalhas
douradas.
Mais
difícil que Olimpíada
O Mundial é considerado o torneio de tênis de
mesa mais difícil do mundo, inclusive mais difícil que os Jogos Olímpicos. Além
de serem mais partidas, há um fator importante que aumenta o grau de
dificuldade da disputa: o número de atletas de cada país. Na Olimpíada, apenas
dois atletas de cada nação podem atuar no individual, limitação que não existe
no Mundial.
O resultado é que os cinco principais chineses
do ranking mundial – Fan Zhendong (1°), Wang Chuqin (2°), Ma Long (3°), Liang
Jingkun (5°) e Lin Gaoyuan (8°) – estarão buscando o título, o que não
acontecerá nos Jogos. A medalha mundial é bem mais concorrida, portanto.
Entre os outros Top 10, um representante de
cada país: Japão, Taiwan, Suécia, Alemanha e... Brasil, com Hugo Calderano, o
sexto do mundo na atualidade. Ao todo, 128 atletas de cada naipe disputam as
competições individuais e 64 parcerias participam de cada torneio de duplas
(femininas, masculinas e mistas). O sorteio da tabela acontece nesta
quinta-feira (18).
Por falar
em Calderano...
Esta será a sexta aparição de Hugo Calderano em
uma Campeonato Mundial Individual. Sua primeira vez foi em Paris, em 2013.
Disputou também as edições de 2015 (Suzhou, China), 2017 (Dusseldorf,
Alemanha), 2019 (Budapeste, Hungria) e 2021 (Houston, Estados Unidos). Se nas
primeiras era apenas um jovem em busca de evolução, atualmente é um postulante
real a um lugar no pódio. O Brasil jamais ganhou medalhas em Mundiais Adultos.
Em 2019, já um Top 10 mundial, o brasileiro
parou nas oitavas de final, para o fenômeno chinês Ma Long, que seria
tricampeão mundial alguns dias depois. Em 2021, a medalha escapou por pouco. O
brasileiro vencia o duelo com o chinês Liang Jingkun, na quartas de final, por
3 sets a 0, mas permitiu a virada.
Cinco
brasileiros na briga
Além de Hugo Calderano, o Brasil tem mais
quatro representantes em Durban. No masculino, Vitor Ishiy (90° do ranking) e
Eric Jouti (174°) disputam o inidividual e o torneio de duplas masculinas.
Ishiy também participa do torneio de duplas mistas, ao lado de Bruna Takahashi
(37ª do ranking feminino). A parceria é uma das mais fortes do mundo na
atualidade, ocupando a 12ª colocação do ranking de duplas mistas.
Bruna é a maior esperança no individual
feminino. Ela busca se colocar pela primeira vez entre as 16 melhores, um feito
bastante possível pelo que vem conseguindo nos últimos anos. Fecha a lista Luca
Kamahara (117ª), primeiro atleta transgênero da História do tênis de mesa, que
participa no individual feminino e fará parceria com Bruna nas duplas femininas.
Hugo Calderano é postulante a uma medalha em Durban. |
Colaboração de foto: ITTF Américas
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