Mariana do Nascimento Costa, se destaca não só
dentro da equipe de Campinas, mas também durante a participação nos campeonatos
e convocações para a Seleção Brasileira.
Colaboração de texto: Carolina Cerqueira/Fábricade Histórias
Colaboração de foto: Ricardo Lima/Fábricade Histórias
Para ela é fundamental que mais mulheres se
interessem e participem do esporte. Mãe, analista de marketing e atleta. Aos 33
anos, a jogadora do time de Rugby em Cadeira de Rodas da Associação dos
Esportes Adaptados de Campinas (ADEACAMP), se divide entre as atividades dentro
de casa, o trabalho e os treinos com a equipe de Rugby em Campinas. Mariana do
Nascimento Costa teve meningite em 1990 e como consequência, precisou amputar
as pernas. A história dela com a Associação começou em 2015, depois de ter sido
convidada para participar do time. Nesse mesmo ano ela já levou para casa o
prêmio de atleta revelação. “É o tempo todo brigando para quebrar paradigmas.
Se hoje eu tenho essa voz no meio dos meninos é porque eles entendem que eu
tenho tanto potencial quanto eles, além de acompanharem muito o meu dia a dia”,
conta Mariana.
O reconhecimento de Mari vai além da equipe da
ADEACAMP. Em 2022 ela se destacou durante o Campeonato Brasileiro de Rugby em
Cadeira de Rodas e levou para casa dois troféus: o Troféu Tininha, como atleta
que mais evoluiu tecnicamente e 9 de melhor pontuação na classificação dela
(3.5), além de ter sido convocada para integrar a Seleção Brasileira de Rugby
em desenvolvimento. “Eu costumo brincar que o Rugby é muito bruto, então para
eu estar realmente ali no meio eu tenho que fazer por que merecer, isso é meu
dia a dia. Além disso, como pessoa deficiência, eu tenho meu metabolismo
maisdevagar, por isso preciso cuidar mais da minha alimentação, faço
musculação, vou até a quadra com os meninos mesmo morando em São Paulo, ‘toco’
cadeira fora, corro atrás das coisas”, reforça.
Para ela o Rugby foi muito importante em um
momento em que passava por mudanças na vida pessoal. “Os meninos me acolhem
muito bem, eu sou muito feliz na ADEACAMP. Eles me dão essa oportunidade dentro
de quadra, reconhecem meu potencial, independente de gênero. Em 2017 eu ganhei
meu filho e pude leva-lo para o campeonato Brasileiro. Então esse acolhimento
todo do Rugby me motivou continuar fazendo de tudo um pouco”, completou.
Mari também luta para que mais mulheres com
deficiência, assim como ela, participem, encontrem no esporte um estímulo e
sigam treinando, apesar dos obstáculos e dificuldades do dia a dia. “A gente
vem de uma cultura muito machista, então automaticamente a mulher tem mais
responsabilidades domésticas como cuidar da casa, ter filho e o esporte é muito ingrato né, quando estamos
na nossa melhor forma, não temos tempo e vice e versa. Então, por motivos
culturais, acredito que seja um trabalho de formiguinha”.
Mesmo assim ela não desiste e busca sempre
incentivar a participação de outras meninas, entrando em contato, mostrando a
rotina dela e os benefícios conquistados com a prática esportiva. Mari acredita
que pelo Rugby ser um esporte com mais impacto, acaba sendo mais baixa a
participação das mulheres, mesmo assim, ela não desiste. “Hoje eu consigo
equilibrar mais a carreira, então esse é o esporte. Se para a categoria
masculina é difícil, imagina para nós. Mas esse é o meu trabalho, todo dia
construir um pouquinho, treinar, bastante, mostrando que somos capazes tão
capazes quanto os meninos. Basta ter um trabalho sério, focando nos nossos
objetivos para chegar lá”, finaliza.
Projeto Rugby em Cadeira de Rodas Fase I - O
projeto Rugby em Cadeira de Rodas - Fase I é desenvolvido pela ADEACAMP nas
dependências da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. Realizado por meio da
Lei Federal de Incentivo ao Esporte, o projeto que oferece treinos de alto
rendimento aos atletas conta com o patrocínio das empresas Atacadão, Fundação
John Deere, Tetra Pak, Agibank, Fundação Educar DPaschoal e o apoio da
Prefeitura Municipal de Campinas.
Mariana Costa, atleta da ADEACAMP. |
Colaboração de foto: Ricardo Lima/Fábricade Histórias
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