quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

CBTM passa a ter uma mulher no comando operacional: Jacqueline Godoy é a nova diretora da entidade

Confederação tem maioria de mulheres nos postos de comando do tênis de mesa nacional; Sandro Abrão assume a gerência de seleções.
 
CBTM passa ter mulher comando operacional Jacqueline Godoy nova diretora Foto Arquivo Jacqueline Godoy
Jacqueline Godoy trabalhou no COB por mais de dez anos.
Colaboração de texto: Nelson Ayres/CBTM
Foto: Arquivo Jacqueline Godoy
 
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa terá uma mulher no comando operacional da entidade neste ano de 2023. A paulistana Jacqueline Godoy, 46 anos, foi apresentada nesta terça-feira (3) como nova diretora, substituindo Geraldo Campestrini, que assumiu o cargo de CEO do Joinville Esporte Clube e passará a atuar, em escala reduzida, como assessor especial na CBTM, no tocante a questões como governança e planejamento estratégico.
 
As mulheres, por sinal, passam a ser maioria entre os postos-chave da CBTM. Além da diretora, elas comandam duas das quatro gerências da entidade: Taisa Belli é gerente de ciência do esporte e Danielle Schroder é gerente de administração e finanças. Os outros dois setores tiveram alterações importantes. A gerencia técnica passa a se chamar gerência de seleções e será comandada por Sandro Abrão, em substituição a Renato D’Avila, que deixa a Confederação. João Gabriel Leite, segue no comando da gerência de desenvolvimento e marketing, que terá agora o acréscimo da área de eventos.
 
“É muito importante ressaltarmos essa questão das mulheres. A CBTM vem caminhando no sentido de oferecer um ambiente com maior equidade de gêneros e ter mulheres na gestão das principais áreas faz parte dessa nova política de inclusão. A Jacqueline é uma profissional de reconhecida competência, que se integra ao nosso time para continuar a revolução iniciada pelo Geraldo Campestrini”, ressaltou o presidente da Confederação e vice-presidente da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), Alaor Azevedo.
 
Jacqueline foi armadora da Seleção Brasileira de basquetebol, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo 2003. Após ser campeã brasileira pelo Fluminense, em 1998, decidiu morar nos Estados Unidos, onde atuou e fez Faculdade de Educação Física com especialização em Administração Esportiva na Wayland Baptist University (Texas) e na Azusa Pacific University (Califórnia).
 
“Saí do Brasil estando convocada para a Seleção Brasileira adulta, ainda muito nova. Era reserva da Paula e da Branca e atuava como armadora do Fluminense, comandado pela Hortência. Decidi ir para os Estados Unidos, joguei basquete lá e fiz faculdade sem ter custos. Retornei, cumpri a promessa que fiz ao técnico Antônio Carlos Barbosa, de retornar para jogar na Seleção”, recorda.
 
Depois de atuar em clubes do Brasil, da Espanha e da França, começou a observar na Europa como os patrocinadores trabalhavam com os clubes. E decidiu que era com isso que trabalharia. Quando voltou novamente ao país, em 2005, foi convidada a integrar o Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Posteriormente, foi contratada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). No último ciclo, de Tóquio 2020, ela assumiu a gerência do Laboratório do Centro de Treinamento do Time Brasil, no Rio de Janeiro (RJ).
 
“Até 2008, o COB nunca teve uma mulher na área técnica”, ressalta. Ela trabalhou na entidade máxima do desporto olímpico brasileiro como gestora esportiva e se orgulha de dois projetos que acompanhou bem de perto: do pentatlo moderno e da canoagem, que geraram medalhas olímpicas com Yane Marques e Isaquias Queiroz. “Minha experiência maior é olhar o atleta, o treinador, a parte multidisciplinar, mas sem esquecer dos valores envolvidos para a execução do projeto”, explica.
 
Novas metas no tênis de mesa
 
A nova diretora demonstra total motivação para o novo desafio: “Sou apaixonada por esporte. Eu adoro! Se estou trabalhando com esporte, estou motivada. Tenho uma preferência por trabalhar com o alto rendimento. Eu curto essa coisa da competição. Estou envolvida com o esporte desde os 9 anos. Estou no ambiente que eu gosto. Não tem motivação melhor que essa, é como se fosse um propósito de vida. Gosto disso, me deixa feliz, isso facilita muito toda a entrega no dia a dia”.
 
E o que o tênis de mesa tem a ganhar trazendo uma pessoa com experiência em outras modalidades? “Quando eu comecei a trabalhar com o pentatlo no COB, as pessoas me chamaram de maluca. E o projeto foi medido no limite, tinha gente que não acreditava até o último dia. Quando começamos com a canoagem, foi a mesma coisa. Meu objetivo é que a CBTM tenha um resultado super expressivo em Jogos Olímpicos. Acho que temos capacidade, temos um atleta muito bem ranqueado mundialmente, o Hugo Calderano. Eu vou trabalhar para este objetivo, um resultado expressivo da modalidade em Jogos Olímpicos. Continuo sendo a louca que foi trabalhar com o pentatlo moderno e com a canoagem”, brinca a nova diretora, que traça sua estratégia para obter êxito com esse grande desafio:
 
“Para isso acontecer, talvez tenhamos de ter objetivos menores no trabalho diário, para depois podermos competir de igual para igual com os melhores do mundo. Será um trabalho de formiguinha, de planejamento. A Yane Marques (pentatleta) não foi medalhista olímpica da noite para o dia. Na época, foi um trabalho de entender todas as variáveis que ela precisava melhorar. Muitas vezes, precisamos sugerir formas novas de administrar. Nem sempre é fácil para algumas pessoas, mas é esse trabalho que temos que ter”.

Seleções
 
As seleções olímpicas e paralímpicas de tênis de mesa também têm um novo comandante. Sandro Abrão, que exercia o cargo de líder de seleções paralímpicas até a temporada passada (quando o Brasil fez a sua melhor campanha na História dos Mundiais), passa a ser o novo gerente de seleções, com a nova nomenclatura da gerência técnica. Natural de Marília (SP), ele tem 46 anos.
 
Abrão é ex-atleta da modalidade, tendo atuado na Seleção Brasileira juvenil. Contemporâneo de Hugo Hoyama, jogou na Bélgica com o maior vencedor do tênis de mesa do Brasil em todos os tempos. Ao retornar ao Brasil, atuou como técnico e também presidiu a Federação de Tênis de Mesa do Mato Grosso, estado onde estabeleceu residência.
 
“Vou buscar fazer uma gestão mais humanizada, com foco em resultados e proporcionando aos atletas uma proposta multidisciplinar. Pretendemos acompanhar mais de perto cada atleta apoiando no seu desenvolvimento técnico e pessoal”, explica o novo gerente.

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