Confederação tem maioria de mulheres nos postos
de comando do tênis de mesa nacional; Sandro Abrão assume a gerência de
seleções.
Colaboração de texto: Nelson Ayres/CBTM
Foto: Arquivo Jacqueline Godoy
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa terá
uma mulher no comando operacional da entidade neste ano de 2023. A paulistana
Jacqueline Godoy, 46 anos, foi apresentada nesta terça-feira (3) como nova
diretora, substituindo Geraldo Campestrini, que assumiu o cargo de CEO do
Joinville Esporte Clube e passará a atuar, em escala reduzida, como assessor
especial na CBTM, no tocante a questões como governança e planejamento
estratégico.
As mulheres, por sinal, passam a ser maioria
entre os postos-chave da CBTM. Além da diretora, elas comandam duas das quatro
gerências da entidade: Taisa Belli é gerente de ciência do esporte e Danielle
Schroder é gerente de administração e finanças. Os outros dois setores tiveram
alterações importantes. A gerencia técnica passa a se chamar gerência de
seleções e será comandada por Sandro Abrão, em substituição a Renato D’Avila,
que deixa a Confederação. João Gabriel Leite, segue no comando da gerência de desenvolvimento
e marketing, que terá agora o acréscimo da área de eventos.
“É muito importante ressaltarmos essa questão
das mulheres. A CBTM vem caminhando no sentido de oferecer um ambiente com
maior equidade de gêneros e ter mulheres na gestão das principais áreas faz
parte dessa nova política de inclusão. A Jacqueline é uma profissional de
reconhecida competência, que se integra ao nosso time para continuar a
revolução iniciada pelo Geraldo Campestrini”, ressaltou o presidente da
Confederação e vice-presidente da Federação Internacional de Tênis de Mesa
(ITTF), Alaor Azevedo.
Jacqueline foi armadora da Seleção Brasileira
de basquetebol, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo
2003. Após ser campeã brasileira pelo Fluminense, em 1998, decidiu morar nos
Estados Unidos, onde atuou e fez Faculdade de Educação Física com
especialização em Administração Esportiva na Wayland Baptist University (Texas)
e na Azusa Pacific University (Califórnia).
“Saí do Brasil estando convocada para a Seleção
Brasileira adulta, ainda muito nova. Era reserva da Paula e da Branca e atuava
como armadora do Fluminense, comandado pela Hortência. Decidi ir para os
Estados Unidos, joguei basquete lá e fiz faculdade sem ter custos. Retornei,
cumpri a promessa que fiz ao técnico Antônio Carlos Barbosa, de retornar para
jogar na Seleção”, recorda.
Depois de atuar em clubes do Brasil, da Espanha
e da França, começou a observar na Europa como os patrocinadores trabalhavam
com os clubes. E decidiu que era com isso que trabalharia. Quando voltou
novamente ao país, em 2005, foi convidada a integrar o Comitê Organizador dos
Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Posteriormente, foi contratada pelo Comitê
Olímpico do Brasil (COB). No último ciclo, de Tóquio 2020, ela assumiu a gerência
do Laboratório do Centro de Treinamento do Time Brasil, no Rio de Janeiro (RJ).
“Até 2008, o COB nunca teve uma mulher na área
técnica”, ressalta. Ela trabalhou na entidade máxima do desporto olímpico
brasileiro como gestora esportiva e se orgulha de dois projetos que acompanhou
bem de perto: do pentatlo moderno e da canoagem, que geraram medalhas olímpicas
com Yane Marques e Isaquias Queiroz. “Minha experiência maior é olhar o atleta,
o treinador, a parte multidisciplinar, mas sem esquecer dos valores envolvidos
para a execução do projeto”, explica.
Novas
metas no tênis de mesa
A nova diretora demonstra total motivação para
o novo desafio: “Sou apaixonada por esporte. Eu adoro! Se estou trabalhando com
esporte, estou motivada. Tenho uma preferência por trabalhar com o alto
rendimento. Eu curto essa coisa da competição. Estou envolvida com o esporte
desde os 9 anos. Estou no ambiente que eu gosto. Não tem motivação melhor que
essa, é como se fosse um propósito de vida. Gosto disso, me deixa feliz, isso
facilita muito toda a entrega no dia a dia”.
E o que o tênis de mesa tem a ganhar trazendo
uma pessoa com experiência em outras modalidades? “Quando eu comecei a
trabalhar com o pentatlo no COB, as pessoas me chamaram de maluca. E o projeto
foi medido no limite, tinha gente que não acreditava até o último dia. Quando
começamos com a canoagem, foi a mesma coisa. Meu objetivo é que a CBTM tenha um
resultado super expressivo em Jogos Olímpicos. Acho que temos capacidade, temos
um atleta muito bem ranqueado mundialmente, o Hugo Calderano. Eu vou trabalhar
para este objetivo, um resultado expressivo da modalidade em Jogos Olímpicos.
Continuo sendo a louca que foi trabalhar com o pentatlo moderno e com a
canoagem”, brinca a nova diretora, que traça sua estratégia para obter êxito
com esse grande desafio:
“Para isso acontecer, talvez tenhamos de ter
objetivos menores no trabalho diário, para depois podermos competir de igual
para igual com os melhores do mundo. Será um trabalho de formiguinha, de
planejamento. A Yane Marques (pentatleta) não foi medalhista olímpica da noite
para o dia. Na época, foi um trabalho de entender todas as variáveis que ela
precisava melhorar. Muitas vezes, precisamos sugerir formas novas de
administrar. Nem sempre é fácil para algumas pessoas, mas é esse trabalho que
temos que ter”.
Seleções
As seleções olímpicas e paralímpicas de tênis
de mesa também têm um novo comandante. Sandro Abrão, que exercia o cargo de
líder de seleções paralímpicas até a temporada passada (quando o Brasil fez a
sua melhor campanha na História dos Mundiais), passa a ser o novo gerente de
seleções, com a nova nomenclatura da gerência técnica. Natural de Marília (SP),
ele tem 46 anos.
Abrão é ex-atleta da modalidade, tendo atuado
na Seleção Brasileira juvenil. Contemporâneo de Hugo Hoyama, jogou na Bélgica
com o maior vencedor do tênis de mesa do Brasil em todos os tempos. Ao retornar
ao Brasil, atuou como técnico e também presidiu a Federação de Tênis de Mesa do
Mato Grosso, estado onde estabeleceu residência.
“Vou buscar fazer uma gestão mais humanizada,
com foco em resultados e proporcionando aos atletas uma proposta
multidisciplinar. Pretendemos acompanhar mais de perto cada atleta apoiando no
seu desenvolvimento técnico e pessoal”, explica o novo gerente.
Jacqueline Godoy trabalhou no COB por mais de dez anos. |
Foto: Arquivo Jacqueline Godoy
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