O 6º episódio do podcast Na Raça conta com a
presença de convidado especial e traz para a mesa o tema que mais causou
polêmicas no Catar com conexão entre o Oriente Médio e o Brasil.
Colaboração de texto e foto: Kátia Motizuki/Growth
Na esteira dos debates políticos e religiosos
que o maior campeonato de futebol do mundo possibilitou, a NWB, por meio do
podcast Na Raça, trouxe mais vozes para enriquecer a conversa. Como se sabe,
este ano, a grande festa do esporte aconteceu no Catar e reuniu bilhões de
pessoas de todo o mundo para celebrar as seleções que entraram em campo. Mas,
para além do jogo, o campeonato possibilitou resenhas mais sérias e discussões
importantes a respeito da diversidade, inclusão e direitos humanos.
E, como o objetivo do Na Raça é trazer a
comunidade negra para o protagonismo das discussões esportivas em diferentes
plataformas, os temas foram discutidos no 6º episódio do podcast que está
disponível desde o dia 16 de dezembro. Entre as questões levantadas, os
convidados lembraram que o Catar foi o primeiro país do Oriente Médio e de
religião de maioria muçulmana a sediar um grande evento esportivo. E, por ser
um país islâmico, os seus princípios e leis foram atribuídos ao evento, que
decidiu desde a proibição do consumo de bebidas alcoólicas até a criminalização
da homossexualidade.
O país impôs à FIFA restrições que muitas vezes
tiveram que ser acatadas pelos atletas. Mas será que isso é correto na visão
dos participantes desta conversa? Ao longo do episódio surgiram outras
perguntas como: mesmo no Catar, os jogadores devem ser livres para
manifestar-se dentro de campo? Ou devem respeitar as regras e a cultura do
país-sede? Até que ponto um país deve ceder aos padrões da FIFA e como um país
pode defender sua cultura?
Na ocasião, também foi relembrado a imposição
que o Brasil recebeu em 2014, em que a FIFA conseguiu desobedecer a legislação
brasileira a respeito das vendas de bebidas alcoólicas dentro dos estádios.
Porém, a entidade precisou ceder ao Catar a proibição do uso da braçadeira de
capitão One Love (que simboliza diferentes raças, origens, identidades de
gênero e orientações sexuais), e mensagens em defesa dos direitos humanos
(uniforme da Dinamarca), por exemplo.
E mesmo com as restrições que a entidade máxima
do futebol impôs aos times, os jogadores ainda conseguiram se manifestar de
inúmeras formas. Os participantes debateram sobre o engajamento e o
reconhecimento dos jogadores com as suas lutas e causas e afirmaram que é
necessário impulsionar essas bandeiras nos grandes eventos para dar
visibilidade para o debate. Mas, ao mesmo tempo, infelizmente, alguns atletas
não são ouvidos e só são notados pela atuação e performance dentro de campo.
Um exemplo para isso é o caso do jogador
Ismaila Sarr, do Senegal, que comemorou o gol contra o Equador tapando os olhos
e apontando os dedos como se fosse uma arma em sua cabeça. Ele queria chamar
atenção ao descaso do mundo sobre as guerras civis e massacres na África,
principalmente sobre a República Democrática do Congo.
“Tem a questão dos direitos humanos, luta
contra o preconceito e tudo mais. Até que ponto a Fifa está engajada nisso?
Porque a Copa do Mundo já foi realizada no país que mais mata negros, no país
que mais mata LGBTQIA+, no país que mais mata mulher e não foi em 2022, foi em
2014, foi no Brasil. O Brasil que é recorde disso...”, disse Elton de Castro,
jornalista e consultor de produtos do Observatório da Discriminação Racial no
Futebol.
Também, durante o episódio, Bianca e Hernan trouxeram
a experiência de estar no Catar e vivenciar cenas de desrespeito,
principalmente com as mulheres nos estádios e na fan fest. E como não lembrar
da famosa comemoração de Paulinho (atual Atlético-MG) nas Olimpíadas de Tóquio?
O jogador marcou contra a Alemanha e dedicou seu gol, encenando uma flechada de
Oxóssi. Tudo isso e muito mais no 6º episódio do podcast Na Raça que ainda
discutiu, claro, sobre o que esperar da Copa em 2026. Será que o tão esperado
Hexa vem?
Paulinho, do Atlético Mineiro participa de debate. |
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