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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Paulinho do Atlético Mineiro debate sobre manifestações políticas e religiosas no futebol em podcast

O 6º episódio do podcast Na Raça conta com a presença de convidado especial e traz para a mesa o tema que mais causou polêmicas no Catar com conexão entre o Oriente Médio e o Brasil.
 
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Paulinho, do Atlético Mineiro participa de debate.
Colaboração de texto e foto: Kátia Motizuki/Growth
 
Na esteira dos debates políticos e religiosos que o maior campeonato de futebol do mundo possibilitou, a NWB, por meio do podcast Na Raça, trouxe mais vozes para enriquecer a conversa. Como se sabe, este ano, a grande festa do esporte aconteceu no Catar e reuniu bilhões de pessoas de todo o mundo para celebrar as seleções que entraram em campo. Mas, para além do jogo, o campeonato possibilitou resenhas mais sérias e discussões importantes a respeito da diversidade, inclusão e direitos humanos.
 
E, como o objetivo do Na Raça é trazer a comunidade negra para o protagonismo das discussões esportivas em diferentes plataformas, os temas foram discutidos no 6º episódio do podcast que está disponível desde o dia 16 de dezembro. Entre as questões levantadas, os convidados lembraram que o Catar foi o primeiro país do Oriente Médio e de religião de maioria muçulmana a sediar um grande evento esportivo. E, por ser um país islâmico, os seus princípios e leis foram atribuídos ao evento, que decidiu desde a proibição do consumo de bebidas alcoólicas até a criminalização da homossexualidade.
 
O país impôs à FIFA restrições que muitas vezes tiveram que ser acatadas pelos atletas. Mas será que isso é correto na visão dos participantes desta conversa? Ao longo do episódio surgiram outras perguntas como: mesmo no Catar, os jogadores devem ser livres para manifestar-se dentro de campo? Ou devem respeitar as regras e a cultura do país-sede? Até que ponto um país deve ceder aos padrões da FIFA e como um país pode defender sua cultura?
 
Na ocasião, também foi relembrado a imposição que o Brasil recebeu em 2014, em que a FIFA conseguiu desobedecer a legislação brasileira a respeito das vendas de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. Porém, a entidade precisou ceder ao Catar a proibição do uso da braçadeira de capitão One Love (que simboliza diferentes raças, origens, identidades de gênero e orientações sexuais), e mensagens em defesa dos direitos humanos (uniforme da Dinamarca), por exemplo.
 
E mesmo com as restrições que a entidade máxima do futebol impôs aos times, os jogadores ainda conseguiram se manifestar de inúmeras formas. Os participantes debateram sobre o engajamento e o reconhecimento dos jogadores com as suas lutas e causas e afirmaram que é necessário impulsionar essas bandeiras nos grandes eventos para dar visibilidade para o debate. Mas, ao mesmo tempo, infelizmente, alguns atletas não são ouvidos e só são notados pela atuação e performance dentro de campo.
 
Um exemplo para isso é o caso do jogador Ismaila Sarr, do Senegal, que comemorou o gol contra o Equador tapando os olhos e apontando os dedos como se fosse uma arma em sua cabeça. Ele queria chamar atenção ao descaso do mundo sobre as guerras civis e massacres na África, principalmente sobre a República Democrática do Congo.
 
“Tem a questão dos direitos humanos, luta contra o preconceito e tudo mais. Até que ponto a Fifa está engajada nisso? Porque a Copa do Mundo já foi realizada no país que mais mata negros, no país que mais mata LGBTQIA+, no país que mais mata mulher e não foi em 2022, foi em 2014, foi no Brasil. O Brasil que é recorde disso...”, disse Elton de Castro, jornalista e consultor de produtos do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.
 
Também, durante o episódio, Bianca e Hernan trouxeram a experiência de estar no Catar e vivenciar cenas de desrespeito, principalmente com as mulheres nos estádios e na fan fest. E como não lembrar da famosa comemoração de Paulinho (atual Atlético-MG) nas Olimpíadas de Tóquio? O jogador marcou contra a Alemanha e dedicou seu gol, encenando uma flechada de Oxóssi. Tudo isso e muito mais no 6º episódio do podcast Na Raça que ainda discutiu, claro, sobre o que esperar da Copa em 2026. Será que o tão esperado Hexa vem?
 

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