terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Avaliação médica durante a prática de esporte deve fazer parte da rotina do atleta

Atividade física faz bem à saúde mas, se realizada sem supervisão de profissionais especializados, pode causar lesões, até mesmo em atletas de alta performance.
 
Avaliação médica durante prática esporte deve fazer parte da rotina do atleta
Avaliação médica durante prática esporte deve fazer parte da rotina.
Colaboração de texto e foto: Elenice Cóstola/Bete Nicastro/ Mara Morgado/
Way Comunicações
 
Durante eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, aumenta o incentivo para a prática de esportes. Porém, antes de começar a fazer qualquer tipo de atividade, é fundamental passar por avaliação médica com o acompanhamento de equipe multidisciplinar para auxiliar no treinamento e, sobretudo evitar lesões e outras complicações que podem prejudicar o processo de condicionamento físico, tão importante para saúde de qualquer pessoa.
 
Os atletas de alta performance sabem muito bem disso, pois estão em constante busca pelo auge da condição física, e cada aspecto do treinamento é cuidadosamente pensado com o objetivo de melhorar o desempenho. Conforme o cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Dr. Fabio Rossi, em geral, a saúde do atleta é muito boa, mas todo cuidado é pouco, e mesmo o atleta amador deve tomar alguns cuidados. 
 
Do ponto de vista vascular, não é incomum que esportistas observem a presença de veias dilatadas ou saltadas nos membros, principalmente nas pernas, durante ou imediatamente após a prática do exercício, o que gera muitas dúvidas. “Esse é um processo fisiológico normal e, na realidade, em certas modalidades, como no halterofilismo, ciclismo e pedestrianismo, ocorre a hipertrofia das veias, que podem permanecer dilatadas mesmo após a pausa no treinamento. O uso de meias elásticas auxilia no retorno venoso, pode melhorar o desempenho e, principalmente, encurta o tempo de recuperação do atleta”, explica o Dr. Fabio Rossi.
 
O exercício físico em alta intensidade é capaz de provocar sobrecarga anatômica e fisiológica no sistema musculoesquelético e cardiovascular. A lesão vascular deve fazer parte do diagnóstico diferencial na presença de dor, inchaço, disfunção motora e queda do rendimento de quem pratica qualquer tipo de esporte. “A falta do diagnóstico está relacionada ao baixo conhecimento específico sobre as principais doenças vasculares, sobretudo pelos treinadores e atletas de alta performance, e pela semelhança existente entre as queixas, como aquelas presentes nas lesões do sistema musculoesquelético, que são mais comuns nesse grupo de pacientes”, reforça o médico.
 
Inicialmente, os sinais e sintomas da insuficiência vascular podem ser notados apenas durante a realização do exercício físico, na dificuldade em obter condicionamento, na queda de rendimento e quando um maior tempo é necessário para que ocorra a recuperação física. Entretanto, com o passar do tempo, caso essas injúrias vasculares não sejam identificadas, podem ocorrer lesões definitivas, como progressão de obstruções, tromboses e até mesmo embolizações e isquemia. Temperaturas extremas também ocasionam alterações vasculares, como a hipotermia, que pode provocar vaso espasmo grave, isquemia, necrose, amputação de extremidades e até parada cardiorrespiratória.
 
Outra modalidade de injúria vascular que, apesar de rara, vem aumentando de prevalência, principalmente nos praticantes de esportes radicais, de alta velocidade e impacto, é a dissecção aguda da aorta e das artérias cervicais, que se não diagnosticada e tratada precocemente, pode levar a consequências graves, como acidente vascular cerebral e até mesmo a morte.
 
Doenças Vasculares mais comuns em atletas:
Em membros superiores
 
Trombose Venosa Profunda: A trombose venosa espontânea, induzida pelo esforço repetitivo, que ocorre pela compressão de estruturas músculo-ligamentares, na veia subclávia ou axilar, é conhecida como Síndrome de “Paget-Schroetter”. É a obstrução mais frequente que ocorre em atletas jovens de alta performance. A embolia pulmonar pode ocorrer em até 35% desses pacientes, demonstrando a importância de seu diagnóstico precoce. Sua ocorrência é mais comum em atletas que executam movimentos repetidos com os braços elevados, como os jogadores de basebol, vôlei, goleiros, tenistas e nadadores.
 
Estenose e aneurisma da artéria subclávia e axilar: Apesar de serem mais raros, os mesmos fenômenos fisiopatológicos compressivos e obstrutivos, acima descritos, podem também ocorrer nas artérias e provocar compressões, obstruções, aneurismas, embolismo, trombose e até isquemia do membro.
 
Lesão do arco arterial palmar: É uma lesão vascular que pode ocorrer em pessoas envolvidas em esportes de impacto constante e repetitivo nas palmas das mãos, como ocorre em jogadores de handebol, basebol, basquete e goleiros. É causada por inflamação crônica dos vasos, que pode levar à fibrose de sua parede, trombose, aneurisma e até mesmo isquemia das artérias de fino calibre da palma da mão.
 
Em membros inferiores:
 
Endofibrose da artéria ilíaca externa: Sua causa não é bem conhecida, aparentemente ocorre por fatores anatômicos, mecânicos e posturais que provocam compressão externa na parede dessa artéria por ligamentos e por músculos hipertrofiados durante o exercício físico intenso. Acometem principalmente ciclistas, triatletas e esquiadores.
 
Síndrome do canal dos adutores: O canal dos adutores é um túnel aponeurótico formado pelas bordas do músculo vasto medial, adutor longo, magno e sartório, na região medial da coxa. Quando existe hipertrofia desses músculos, pode ocorrer compressão externa da artéria femoral, que pode provocar diminuição do fluxo sanguíneo, queda da pressão arterial de perfusão e desencadear perda de rendimento esportivo. É mais comum em corredores de rua e esquiadores.
 
Síndrome do aprisionamento da artéria poplítea: A artéria poplítea situa-se na região posterior da coxa e do joelho, e é responsável pela vascularização das pernas e dos pés. Ela também pode ser comprimida por estruturas ligamentares, principalmente pela cabeça medial do músculo gastrocnêmico (batata da perna). Essa compressão pode levar à obstrução, formação de aneurismas, embolia e isquemia. Os principais esportes que podem desencadear essas síndromes são: basquete, futebol, rúgbi, artes marciais e halterofilia, principalmente em usuários de anabolizantes.
 
Síndrome do aprisionamento da veia poplítea: A fisiopatologia é a mesma, mas ao invés de levar à isquemia, acontece o represamento e a hipertensão venosa do sangue drenado das pernas e pés. Nos estágios iniciais ocorre sensação de peso, dificuldade de condicionamento e recuperação física, ou até mesmo dor, edema e escurecimento da pele. Nos casos mais graves há chances de formação de varizes e ulcerações, e até mesmo a trombose.
 
“A lista de possíveis problemas vasculares relacionados ao esporte é vasta. De uma forma geral, qualquer dor, edema, inchaço e alteração na performance pode indicar sintoma vascular e deve ser investigado. As orientações devem ser seguidas também pelos que praticam esportes apenas esporadicamente. A prática de esportes sem acompanhamento médico aumenta os riscos. O infarto agudo do miocárdio e o AVC ocorrem em maior frequência na presença de hipertensão arterial, que pode estar presente em esportistas, sobretudo os amadores. Durante o exercício físico, a pressão pode aumentar ainda mais, e muitos não sabem que são portadores”, alerta o Dr. Fabio Rossi.
 
A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).

Sobre a SBACV-SP
 
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP, entidade sem fins lucrativos, é a Regional oficial da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) no estado de São Paulo. A entidade representa os médicos que atuam nas especialidades de Angiologia e de Cirurgia Vascular, nas áreas de atuação de Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular, Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia, Ecografia Vascular e outras áreas afins às especialidades. 
 

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