Pesquisa feita pela Apoema mostra o perfil do
torcedor brasileiro apaixonado pela seleção e Copa do Mundo; ainda aponta como
o evento esportivo impacta as estruturas sociais e individuais do país.
Colaboração de texto: Carol Agacci/NB Press
Colaboração de foto: Lucas Figueiredo/CBF
Em um ano de Copa do Mundo atípica e fora de
época, a paixão dos brasileiros pelo evento segue trazendo otimismo para a
população. Uma pesquisa realizada pela Apoema, que investigou os torcedores
fanáticos pela seleção brasileira e pela maior competição de futebol do
planeta, aponta que 71% deles acreditam que o Brasil tem chance de se tornar
hexa em 2022.
O estudo, que se aprofunda no torcedor
brasileiro, leva em consideração o cenário da pandemia, ano de uma das eleições
mais polêmicas da história e a camisa da seleção ter se tornado símbolo
político. A pesquisa também conta com uma análise sócio-histórica de como o
futebol e a Copa do Mundo foram se consolidando no Brasil e formaram a
identidade do torcedor.
A Copa do Mundo, há muitos anos, movimenta
estruturas sociais e individuais. No sentido contrário, esses mesmos contextos,
aliados a cenários políticos e culturais, também impactam diretamente a forma
como o brasileiro se relaciona com o futebol. Existe uma relação que extrapola
o evento em si e carrega signos sensíveis e potentes, refletindo muitos temas
da vida. A Copa traz a oportunidade de manifestar e lidar com emoções que,
muitas vezes, camufladas pela rotina, estão adormecidas. É a possibilidade de
entrar em contato consigo.
De acordo com a pesquisa, 55% dos torcedores
apaixonados nunca foram ao estádio, mas sonham em acompanhar uma Copa do Mundo.
O levantamento mostra ainda que, apesar de muitas vezes a torcida não sair de
casa, os brasileiros são dedicados: estudam, analisam, discutem, conversam e
sonham acerca da seleção brasileira. Hoje, 62% dos torcedores apaixonados pela
equipe do Brasil e Copa do Mundo dizem que acompanham e sempre vão acompanhar o
time.
A torcida pela seleção também impacta
diretamente os comportamentos de consumo: os jogos movimentam a venda de
cervejas e eletrodomésticos, por exemplo, já que a festa está intimamente
ligada às confraternizações em família. Em 2022, 24% dos torcedores pretendem
comprar uma nova TV para assistir melhor aos jogos.
Outro aspecto da pesquisa mostra a íntima
relação da Copa com o ambiente residencial – 91% dos brasileiros curtem
assistir aos jogos no conforto do próprio lar e 29% organizam a casa para
deixá-la mais confortável para o evento. Até porque, nesse sentido, 42% dos
entrevistados dizem que a relação com o futebol começou a ser construída a
partir das vivências com seus familiares e 32% dizem que, no período de Copa do
Mundo, gostam de se reunir e torcer com as família e os amigos.
“O ato de torcer, por si só, proporciona
momentos ao lado de pessoas queridas, que ficam marcados na história de cada
um. O evento carrega memória afetiva, tanto para quem já assistiu a vitórias e
conquistas quanto para quem só ouviu falar, mas sonha em vivenciar. É um
respiro em meio ao caos”, explica a fundadora e head de conteúdo da Apoema,
Julia Ades.
A organização do trabalho também é impactada
pela Copa do Mundo. É comum deixar os escritórios mais cedo para assistir aos
jogos e, segundo o estudo, 30% dos torcedores gostam do evento por conta disto:
a quebra da rotina.
Com a Copa do Mundo, o torcedor se dá permissão
para descansar emocionalmente daquilo que o angustia. Nesse período, muitos
experienciam uma espécie de “pausa" de aspectos que causam sofrimento,
preocupação e desesperança. Os entrevistados afirmaram que o evento é uma
oportunidade de se levar menos a sério e abrir espaço emocional para o lúdico
se manifestar. “A Copa do Mundo desperta a criança que existe em nós, mas que,
podada socialmente, perde seu empoderamento”, explica Julia.
A Copa também se apresenta como uma forma de
quebra de regras sociais. O evento potencializa a ocupação da cidade e
permissividade da desordem. Festas, aglomerações, amigos na calçada, ruas
lotadas e tantas outras agitações que acontecem “fora de hora” caracterizam o
evento esportivo.
Fato é que os brasileiros têm uma íntima
relação com a Copa do Mundo ao longo da história. Nesse sentido, a pesquisa
ainda traça a ordem cronológica dos jogos e seus principais impactos na
sociedade. Um dado, em específico, chama atenção: 48% dos torcedores se sentem
distantes da seleção. Porém, com a proximidade dos jogos, a tendência é que
todos esses sentimentos apontados no estudo sejam despertados e que surja mais
um momento histórico na trajetória do futebol brasileiro.
Veja a pesquisa completa.
Brasileiros acreditam na seleção. |
Colaboração de foto: Lucas Figueiredo/CBF
Nenhum comentário:
Postar um comentário