O
trecho é um dos mais difíceis da expedição, em virtudes das geleiras que
impedem a navegação.
Colaboração
de texto: Juracy dos Anjos/Cinthya Medeiros/ATcom
Colaboração de fotos: Leonardo Papini
Seis
meses após a partida de Salvador, o navegador Aleixo Belov, 79 anos, e a
tripulação do veleiro Fraternidade enfrentam o mar gélido do Oceano Ártico. O
trecho – que marca um feito inédito nas viagens feitas pelo velejador ao redor
do mundo – é um dos mais difíceis da expedição, em virtude das geleiras que
impedem a navegação.
A
parte gelada da viagem começou em Nome, no Alaska, no dia 12 julho, como relata
Belov: “Saímos bem, atravessamos o Estreito de Bering, vendo, ao mesmo tempo, o
Alaska por boreste e a Sibéria por bombordo. Já sabíamos que lá na frente, em
Barrow, estava tudo fechado de gelo, mas fomos seguindo, confiando que o gelo
ia terminar por derreter. Durante a última semana (início de agosto), vínhamos
pegando a carta de gelo pela internet e o degelo estava avançando. Mas, para
nossa surpresa, depois que saímos, o degelo deu um retrocesso. O vento norte
empurrou o gelo para o sul e piorou ainda mais o que já não estava bom”.
Ele
conta ainda que os gelos foram surgindo, cada vez mais compactos e impedindo o
avanço, até que a tripulação foi obrigada a parar e ficar à deriva. Diante
dessa dificuldade, Belov e a equipe tiveram que achar um local para fazer uma
parada, no meio do mar congelado. “Procuramos um gelo grande, saltamos nele com
uma alavanca, cavamos um buraco, instalamos uma garateia com um cabo e ficamos
derivando junto com o gelo”, relata o navegador, salientando que, “como a maior
parte do gelo fica submersa, passamos a derivar bem mais devagar, o que foi
muito bom. Mas, o gelo foi derretendo e fomos obrigados a trocar por outro, até
que ficamos derivando sozinhos”.
O
período difícil durou cerca de 10 dias, quando as cartas de concentração de
gelo marinho indicaram uma melhora. “Ligamos a máquina e fomos em frente.
Sabíamos que era prematuro, mas resolvemos tentar. Fomos contornando os gelos,
procurando passagens, ainda que estreitas, até que descobrimos que não tinha
passagem entre o gelo e o continente, apesar da carta de gelo indicar como
sendo o melhor lugar. Já tínhamos perdido a esperança, mas resolvemos tentar
passar por cima desta formação e, depois de entrar em vários becos sem saída,
voltamos e tentamos de novo até conseguir passar”, afirma.
Belov
diz que essa conquista, de passar pelo Estreito de Bering, foi um grande
momento de alegria para todos no veleiro Fraternidade. “Seguimos em frente,
sempre nos desviando dos gelos e procurando uma nova passagem. Várias vezes
tivemos que voltar e procurar outro caminho, até que os gelos diminuíram e nos
deixaram seguir. Quando chegamos em Cambridge Bay, quase não tinha mais gelo.
Vocês não podiam imaginar como eu desejei conseguir chegar aqui. Tinha
conseguido fazer a metade da Passagem Noroeste e estava muito feliz”, festeja o
velejador, que está no assentamento Gjoa Haven, em Nunavut, no norte do Canadá,
e segue sentido à Groenlândia, na segunda etapa da travessia do mar gelado.
Link
da viagem pelo Estreito de Bering no Youtube
Belov e tripulação no Ártico. |
Colaboração de fotos: Leonardo Papini
Belov no Ártico. |
Belov comanda o veleiro Fraternidade na travessia pelo mar gelado. |
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