Filipe Toledo já assumiu a vice-liderança no
ranking do CT 2022, Miguel Pupo ganhou a duelo verde-amarelo contra Deivid
Silva, Italo Ferreira e Samuel Pupo vão se enfrentar na última bateria, João
Chianca faz confronto de recordes com John John Florence.
Colaboração
de texto: João Carvalho/Gabriel Gontijo/©WSL
Colaboração de foto: Hughes
Em um dia de mar clássico, com ondas perfeitas
de 4-6 pés no Bowl de Bells, foram definidas as oitavas de final do Rip Curl
Pro Bells Beach com um show de surfe na Austrália. O defensor do título desta
etapa, John John Florence, fez a melhor bateria do ano com o estreante da
seleção brasileira, João Chianca. Os dois fizeram os recordes do campeonato com
um espetáculo de surfe vencido pelo havaiano. Filipe Toledo também brilhou e já
assumiu a vice-liderança no ranking do World Surf League (WSL) Championship
Tour. Miguel Pupo ganhou o duelo verde-amarelo com Deivid Silva e Italo Ferreira
e Samuel Pupo vão disputar a última vaga para as quartas de final em Bells
Beach.
As previsões do mar indicam que o show de surfe
deve continuar na sexta-feira e a primeira chamada do dia foi marcada para as
7h00 na Austrália, 18h00 da quinta-feira no Brasil, com transmissão ao vivo
pelo WorldSurfLeague.com e pelo Globoplay.com. O vice-campeão mundial Filipe
Toledo já pode tirar a lycra amarela de número 1 do ranking de Kanoa Igarashi,
se passar a sua próxima bateria em Bells, contra o australiano Connor O´Leary
na terceira oitava de final. O japonês perdeu para o convidado desta etapa,
Mick Fanning.
Os australianos se destacaram nas boas ondas do
Bowl de Bells e conquistaram metade das vagas para as oitavas de final do Rip
Curl Pro Bells Beach. Filipe Toledo enfrentou um deles, Mikey Wright, que
largou na frente com notas 6,50 e 8,17, usando muita força nos laybacks. Ele
deixou o brasileiro nas cordas no início, mas Filipe usou seu arsenal de
manobras modernas e progressivas, para arrancar uma nota 8,83 e virar o placar
para 15,16 a 14,67 pontos.
“O Mikey (Wright) começou forte numa onda da
série. Mas, mantive a calma, concentrei na respiração, porque sabia que iam
aparecer oportunidades para mim”, disse Filipe Toledo. “Quando veio aquela onda
boa, coloquei toda a minha energia nas manobras e ganhei 8,83. Aí, quis fazer
isso de novo em outra, que foi a maior da bateria, mas caí. Eu segui focado,
porque sei das minhas capacidades. Quando o Mikey deixou passar uma, que abriu
a parede boa, fiz 3 manobras fortes no outside e mais uma no inside, pra
garantir a vitória. Fiz bem o meu trabalho e estou confiante para fazer melhor
ainda nas próximas baterias”.
Filipe Toledo foi vice-campeão na última edição
do Rip Curl Pro Bells Beach em 2019. Ele só perdeu para o havaiano John John
Florence, que na quinta-feira fez a melhor bateria do ano com o estreante da
seleção brasileira, João Chianca. Os dois já tinham disputado um duelo de
altíssimo nível nas oitavas de final do Billabong Pro Pipeline no Havaí, quando
Chumbinho surfou um tubaço que valeu a maior nota da bateria, 9,87. John John
acabou vencendo na soma das duas melhores ondas, por 17,77 a 16,74 pontos. Mas,
o 9,87 do João ficou como recorde da temporada, até a nota 10 de Griffin
Colapinto em um aéreo na etapa de Portugal.
Mais uma vez, John John e João deram um
verdadeiro espetáculo nas direitas perfeitas de Bells Beach. O brasileiro
tentou a vitória até o fim e saiu do mar aplaudindo o havaiano, que retribuiu
de dentro d´água, também aplaudindo Chumbinho pela grande apresentação. O
havaiano já começou destruindo uma onda, que os juízes deram nota 8,93, a maior
do dia até ali. O brasileiro também manobrou forte, com pressão e velocidade
sua primeira onda, ganhando 7,83. John John fez 7,60 na segunda dele e
Chumbinho encostou com 7,87.
Quando o surfista de Saquarema fez sua melhor
onda, agredindo os pontos críticos com batidas e rasgadas muito potentes que
valeram nota 8,50, John John respondeu com um ataque fulminante, combinando
três manobras modernas e progressivas com muita força e velocidade, que
arrancaram nota 10 de dois dos cinco juízes. A média ficou 9,93, que passou a
ser a segunda maior do ano, superando a 9,87 do próprio João nos tubos de
Pipeline.
O brasileiro ainda mostrou estar surfando no
mesmo nível dos melhores do mundo, em mais uma onda destruída por uma série de
batidas e rasgadas jogando a rabeta, invertendo a direção da prancha, para
receber 9,23. Com essa nota, atingiu 17,73 pontos, que só ficaram abaixo dos
18,86 de John John Florence. Ou seja, venceria todas as baterias do Rip Curl
Pro Bells Beach, menos essa. John John entrou nos top-5 com a classificação,
enquanto João Chianca segue abaixo da linha de corte na elite, que vai manter
somente os 22 primeiros colocados no ranking, para a segunda metade da
temporada.
“É difícil colocar em palavras o que estou
sentindo agora”, disse João Chianca, muito emocionado. “Sinto que estou na
melhor forma da minha vida, com meu surfe, meu equipamento, meu time e tento
botar tudo isso dentro d´água. Tipo nessa bateria, o John John me faz surfar o
meu melhor, surfando ondas sempre com notas altas e eu tenho essa mentalidade
de nunca desistir. Mas, tem o outro lado, que é complicado. Vejo nós, os
rookies (estreantes) chegando no Tour e tendo quatro, cinco eventos, para
superar todas as dificuldades, não mais uma temporada inteira para isso. Então,
tento manter o ritmo para não ficar fora do corte. Agora só tem Margaret River
pra me garantir, mas certamente vou lembrar dessa bateria e aprender com tudo
que aconteceu”.
Queda
dos líderes – John John Florence elogiou João Chianca em sua
entrevista e o show de surfe prosseguiu, com baterias emocionantes e os tops do
ranking sendo eliminados. Bom para Filipe Toledo, que pode chegar em Margaret
River vestindo a lycra amarela de número 1 da World Surf League, para defender
o título desta etapa que ele e Tatiana Weston-Webb venceram no ano passado.
Isso porque o líder, Kanoa Igarashi, foi barrado pelo veterano e já aposentado
Mick Fanning, com a torcida que encheu a praia na quinta-feira, vibrando
bastante a cada onda do australiano.
Os dois surfistas que dividiam a vice-liderança
do ranking, também perderam na terceira fase. O havaiano Barron Mamiya foi o
primeiro a cair, com o australiano Connor O`Leary virando o placar para 13,46 a
13,26 pontos, na onda que surfou nos últimos segundos. E Kelly Slater, que já
poderia assumir a ponta se passasse para as oitavas de final, foi barrado
igualmente por uma pequena diferença de 13,84 a 13,77 pontos, pelo havaiano
Imaikalani Devault. Ainda teve o sexto colocado, Caio Ibelli, sendo eliminado
em 17.o lugar na quinta-feira e o número 5, Seth Moniz, ficando em último no
Rip Curl Pro Bells Beach.
Baterias
brasileiras – Essa combinação de resultados ficou boa para
Filipe Toledo e John John Florence, que vão brigar pela liderança do ranking
nesta etapa, bem como para os brasileiros Italo Ferreira e Miguel Pupo, que
podem entrar no seleto grupo dos top-5. Miguel ganhou uma bateria brasileira de
alto nível contra Deivid Silva, com ambos mostrando muita força nas manobras e
somando notas excelentes no apertado placar de 15,80 a 15,53 pontos. Jadson
André perdeu também por pouco a bateria seguinte, 14,10 a 14,06 pontos para o
norte-americano Kolohe Andino.
Miguel Pupo vai enfrentar o próprio Kolohe
Andino nas oitavas de final e mais um duelo verde-amarelo vai definir o último
classificado para as quartas de final do Rip Curl Pro Bells Beach. O irmão mais
jovem do Miguel, Samuel Pupo, passou pelo igualmente estreante na elite, Jake
Marshall, dos Estados Unidos. Depois, o campeão olímpico Italo Ferreira,
despachou o australiano Ryan Callinan na quinta-feira, que ficará marcada como
um dos melhores dias da história do evento mais tradicional do WSL Championship
Tour.
Filipe Toledo assumiu a vice-liderança no ranking. |
Colaboração de foto: Hughes
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