quinta-feira, 14 de abril de 2022

Quatro brasileiros passam para as oitavas em Bells Beach na Austrália

Filipe Toledo já assumiu a vice-liderança no ranking do CT 2022, Miguel Pupo ganhou a duelo verde-amarelo contra Deivid Silva, Italo Ferreira e Samuel Pupo vão se enfrentar na última bateria, João Chianca faz confronto de recordes com John John Florence.

Filipe Toledo assumiu a vice-liderança no ranking.
Colaboração de texto: João Carvalho/Gabriel Gontijo/©WSL
Colaboração de foto: Hughes
 
Em um dia de mar clássico, com ondas perfeitas de 4-6 pés no Bowl de Bells, foram definidas as oitavas de final do Rip Curl Pro Bells Beach com um show de surfe na Austrália. O defensor do título desta etapa, John John Florence, fez a melhor bateria do ano com o estreante da seleção brasileira, João Chianca. Os dois fizeram os recordes do campeonato com um espetáculo de surfe vencido pelo havaiano. Filipe Toledo também brilhou e já assumiu a vice-liderança no ranking do World Surf League (WSL) Championship Tour. Miguel Pupo ganhou o duelo verde-amarelo com Deivid Silva e Italo Ferreira e Samuel Pupo vão disputar a última vaga para as quartas de final em Bells Beach.
 
As previsões do mar indicam que o show de surfe deve continuar na sexta-feira e a primeira chamada do dia foi marcada para as 7h00 na Austrália, 18h00 da quinta-feira no Brasil, com transmissão ao vivo pelo WorldSurfLeague.com e pelo Globoplay.com. O vice-campeão mundial Filipe Toledo já pode tirar a lycra amarela de número 1 do ranking de Kanoa Igarashi, se passar a sua próxima bateria em Bells, contra o australiano Connor O´Leary na terceira oitava de final. O japonês perdeu para o convidado desta etapa, Mick Fanning.
 
Os australianos se destacaram nas boas ondas do Bowl de Bells e conquistaram metade das vagas para as oitavas de final do Rip Curl Pro Bells Beach. Filipe Toledo enfrentou um deles, Mikey Wright, que largou na frente com notas 6,50 e 8,17, usando muita força nos laybacks. Ele deixou o brasileiro nas cordas no início, mas Filipe usou seu arsenal de manobras modernas e progressivas, para arrancar uma nota 8,83 e virar o placar para 15,16 a 14,67 pontos.
 
“O Mikey (Wright) começou forte numa onda da série. Mas, mantive a calma, concentrei na respiração, porque sabia que iam aparecer oportunidades para mim”, disse Filipe Toledo. “Quando veio aquela onda boa, coloquei toda a minha energia nas manobras e ganhei 8,83. Aí, quis fazer isso de novo em outra, que foi a maior da bateria, mas caí. Eu segui focado, porque sei das minhas capacidades. Quando o Mikey deixou passar uma, que abriu a parede boa, fiz 3 manobras fortes no outside e mais uma no inside, pra garantir a vitória. Fiz bem o meu trabalho e estou confiante para fazer melhor ainda nas próximas baterias”.
 
Filipe Toledo foi vice-campeão na última edição do Rip Curl Pro Bells Beach em 2019. Ele só perdeu para o havaiano John John Florence, que na quinta-feira fez a melhor bateria do ano com o estreante da seleção brasileira, João Chianca. Os dois já tinham disputado um duelo de altíssimo nível nas oitavas de final do Billabong Pro Pipeline no Havaí, quando Chumbinho surfou um tubaço que valeu a maior nota da bateria, 9,87. John John acabou vencendo na soma das duas melhores ondas, por 17,77 a 16,74 pontos. Mas, o 9,87 do João ficou como recorde da temporada, até a nota 10 de Griffin Colapinto em um aéreo na etapa de Portugal.
 
Mais uma vez, John John e João deram um verdadeiro espetáculo nas direitas perfeitas de Bells Beach. O brasileiro tentou a vitória até o fim e saiu do mar aplaudindo o havaiano, que retribuiu de dentro d´água, também aplaudindo Chumbinho pela grande apresentação. O havaiano já começou destruindo uma onda, que os juízes deram nota 8,93, a maior do dia até ali. O brasileiro também manobrou forte, com pressão e velocidade sua primeira onda, ganhando 7,83. John John fez 7,60 na segunda dele e Chumbinho encostou com 7,87.
 
Quando o surfista de Saquarema fez sua melhor onda, agredindo os pontos críticos com batidas e rasgadas muito potentes que valeram nota 8,50, John John respondeu com um ataque fulminante, combinando três manobras modernas e progressivas com muita força e velocidade, que arrancaram nota 10 de dois dos cinco juízes. A média ficou 9,93, que passou a ser a segunda maior do ano, superando a 9,87 do próprio João nos tubos de Pipeline.
 
O brasileiro ainda mostrou estar surfando no mesmo nível dos melhores do mundo, em mais uma onda destruída por uma série de batidas e rasgadas jogando a rabeta, invertendo a direção da prancha, para receber 9,23. Com essa nota, atingiu 17,73 pontos, que só ficaram abaixo dos 18,86 de John John Florence. Ou seja, venceria todas as baterias do Rip Curl Pro Bells Beach, menos essa. John John entrou nos top-5 com a classificação, enquanto João Chianca segue abaixo da linha de corte na elite, que vai manter somente os 22 primeiros colocados no ranking, para a segunda metade da temporada.
 
“É difícil colocar em palavras o que estou sentindo agora”, disse João Chianca, muito emocionado. “Sinto que estou na melhor forma da minha vida, com meu surfe, meu equipamento, meu time e tento botar tudo isso dentro d´água. Tipo nessa bateria, o John John me faz surfar o meu melhor, surfando ondas sempre com notas altas e eu tenho essa mentalidade de nunca desistir. Mas, tem o outro lado, que é complicado. Vejo nós, os rookies (estreantes) chegando no Tour e tendo quatro, cinco eventos, para superar todas as dificuldades, não mais uma temporada inteira para isso. Então, tento manter o ritmo para não ficar fora do corte. Agora só tem Margaret River pra me garantir, mas certamente vou lembrar dessa bateria e aprender com tudo que aconteceu”.
 
Queda dos líderes – John John Florence elogiou João Chianca em sua entrevista e o show de surfe prosseguiu, com baterias emocionantes e os tops do ranking sendo eliminados. Bom para Filipe Toledo, que pode chegar em Margaret River vestindo a lycra amarela de número 1 da World Surf League, para defender o título desta etapa que ele e Tatiana Weston-Webb venceram no ano passado. Isso porque o líder, Kanoa Igarashi, foi barrado pelo veterano e já aposentado Mick Fanning, com a torcida que encheu a praia na quinta-feira, vibrando bastante a cada onda do australiano.
 
Os dois surfistas que dividiam a vice-liderança do ranking, também perderam na terceira fase. O havaiano Barron Mamiya foi o primeiro a cair, com o australiano Connor O`Leary virando o placar para 13,46 a 13,26 pontos, na onda que surfou nos últimos segundos. E Kelly Slater, que já poderia assumir a ponta se passasse para as oitavas de final, foi barrado igualmente por uma pequena diferença de 13,84 a 13,77 pontos, pelo havaiano Imaikalani Devault. Ainda teve o sexto colocado, Caio Ibelli, sendo eliminado em 17.o lugar na quinta-feira e o número 5, Seth Moniz, ficando em último no Rip Curl Pro Bells Beach.
 
Baterias brasileiras – Essa combinação de resultados ficou boa para Filipe Toledo e John John Florence, que vão brigar pela liderança do ranking nesta etapa, bem como para os brasileiros Italo Ferreira e Miguel Pupo, que podem entrar no seleto grupo dos top-5. Miguel ganhou uma bateria brasileira de alto nível contra Deivid Silva, com ambos mostrando muita força nas manobras e somando notas excelentes no apertado placar de 15,80 a 15,53 pontos. Jadson André perdeu também por pouco a bateria seguinte, 14,10 a 14,06 pontos para o norte-americano Kolohe Andino.
 
Miguel Pupo vai enfrentar o próprio Kolohe Andino nas oitavas de final e mais um duelo verde-amarelo vai definir o último classificado para as quartas de final do Rip Curl Pro Bells Beach. O irmão mais jovem do Miguel, Samuel Pupo, passou pelo igualmente estreante na elite, Jake Marshall, dos Estados Unidos. Depois, o campeão olímpico Italo Ferreira, despachou o australiano Ryan Callinan na quinta-feira, que ficará marcada como um dos melhores dias da história do evento mais tradicional do WSL Championship Tour.
 

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