Pódio histórico foi alcançado no arranco em que
a atleta levantou 108kg; ela ainda bateu o recorde brasileiro absoluto ao somar
240kg de carga.
Mais um capítulo histórico foi escrito no
esporte brasileiro nesta terça (14). Pela primeira vez um pesista do Brasil
saiu de um Campeonato Mundial Adulto de Levantamento de Pesos com uma medalha
de prata no peito. O feito foi protagonizado por uma estreante em competições
do escalão: Laura Amaro, que ficou na segunda posição da disputa do arranco nos
76kg, por ter levantado 108kg na prova, disputada em Tashkent, no Uzbequistão.
O dia ainda reservou mais uma grande marca.
Depois de uma prova brilhante no arremesso, em que cumpriu 132kg no movimento e
240kg no total (quarta posição em ambos), Laura quebrou o recorde absoluto do
Brasil. Nunca nenhuma atleta levantou tanta carga quanto ela, considerando
todas as categorias. A marca anterior era de Jaqueline Ferreira e Monique
Araújo, com 237kg, obtida no Campeonato Brasileiro de 2015, no Rio de Janeiro.
O nome dela começou a ser gravado na história
com a tradicional ‘encarada’ na barra. Ela foi à plataforma para a tentativa de
103kg no arranco, três a mais do estabelecido no peso de entrada. A carioca fez
o movimento com desequilíbrio, mas se recuperou e conseguiu a validez que
precisava. O segundo intento da brasileira foi de 106kg, e ela fez a ação
correta. Confiante, ela subiu a carga para 108kg na derradeira exibição e
conseguiu o que pediu. Comemoração grande da pesista e da comissão técnica do
Brasil. Prata para ela no arranco.
Laura só não foi melhor do que a russa Iana
Sotieva, que colocou quatro quilos a mais do que a representante verde e
amarela. A terceira colocação foi ocupada pela norte-americana Martha Ann
Rogers ao ter erguido 107kg.
No arremesso, Laura manteve a série de acertos
do arranco. Para o seu debute no movimento, a pesista do Brasil pediu 126kg e
fez o levantamento sem dificuldades. O mesmo aconteceu quando ela voltou para
tentar cumprir 132kg de carga. A brasileira fez um movimento preciso e válido.
Entretanto, para buscar um pódio também no arremesso, ela precisava acertar a
última tentativa, de 136kg, mas não conseguiu. Isso não abateu a atleta, que
ouviu das arquibancadas o seu nome gritado pelos espectadores.
A brasileira não ficou no top-3 do arremesso
por muito pouco, pois o bronze foi conquistado pela sul-coreana Suhyeon Kim com
134kg executados. O ouro foi para a conterrânea de Kim, Min Ji Lee, que
completou o movimento do arremesso com 139kg de carga. Por fim, a prata foi
levada pela norte-americana Martha Ann Rogers por ter levantado 136kg.
“Acho que a ficha ainda não caiu, eu sonhei
durante muito tempo! Ler uma história é muito legal, mas essa sensação de
escrever, saber que o nome vai ficar marcado, saber que vou abrir portas para
outros brasileiros dominarem o mundo, não tem preço para mim. Sou a primeira
mulher a conquistar uma medalha em Mundial, é uma representatividade muito
grande. Esse trabalho começou no Brasil, com meu treinador Saul (Carlos
Aveiro), minha nutricionista Dani, meu fisioterapeuta Vitor. Estou muito feliz.
O Brasil não vai mais participar não. A gente vai vir para dar trabalho e cada
vez mais fazer História”, disse a medalhista.
“Foi sensacional. Perdemos por pouco outras
medalhas, foi uma batalha fantástica. Laura se superou de um jeito absurdo,
demonstrando que acertei quando falei que ela viria para brigar por medalha”,
enalteceu o treinador da Seleção Brasileira, Dragos Stanica.
O técnico ainda comemorou o fato de o Brasil
ter entrado na lista dos melhores do mundo em Mundiais. Para ele, a prata
significa uma concretização de um trabalho bem feito.
“Essa medalha coloca o Brasil junto com todas
as potências mundiais. Quando aparecer a tabela de medalhas, o nome do país
estará lá escrito. É isso que importa no dia de hoje. Está mostrando a evolução
que o nosso trabalho teve e esperamos que consigamos melhorar ainda mais”,
concluiu.
Laura Amaro e a medalha de prata no Mundial. |
Colaboração
de texto: Nelson Ayres/Fato&Ação
Colaboração de foto: Arquivo CBLP
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