Mais experiente, a atleta passou por momentos
difíceis, voltou a jogar em alto nível e atuou em dois países simultaneamente
na última temporada.
Colaboração
de texto: Nelson Ayres/CBMT
Colaboração de foto: André Soares/CBMT
Se adaptar e se transformar em diferentes
momentos já faz parte da vida de Carol Kumahara. A atleta vai a Tóquio para sua
terceira Olimpíada em um ambiente totalmente distinto do que experimentou nas
duas primeiras. Sua bagagem também já não é mais a mesma: após passar por um
momento de declínio na carreira, a mesa-tenista soube voltar ao ritmo de alto
nível e disputar, na última temporada, duas ligas europeias ao mesmo tempo.
O primeiro grande desafio não estava nos planos,
mas foi uma grata surpresa: aos 16 anos, Carol disputou seu primeiro
Pré-Olímpico sem grandes pretensões. Graças aos seus treinamentos, garantiu a
classificação e foi a Londres representar o Brasil nos Jogos de 2012. “Aconteceu
muita coisa na minha carreira de 2012 para cá. Em Londres, eu não tinha
pretensão nenhuma de classificação, só tinha 16 anos, era meu primeiro
Pré-Olímpico. Não estava na minha cabeça classificar. Mas foi resultado de
muito trabalho, meu e da minha equipe técnica. Aconteceu e mudou o rumo da
minha carreira em termos de investimento, foi muito importante”, relembra a
atleta.
No ciclo seguinte, um novo cenário se
construía. Para ela, a Olimpíada do Rio, em 2016, tinha um grande peso: não só
por ser sua segunda participação, mesmo aos 21 anos, mas por jogar em seu país.
“Viemos jogar uma Olimpíada em casa. Eu já tinha o grande objetivo de
classificar, tinha uma pressão bem grande. Senti uma certa obrigação de
conseguir aquele objetivo”, contou Carol.
Um outro grande obstáculo chegou em 2017, com
questões particulares que afetaram seu desempenho nas mesas. O momento afetava
não só seu condicionamento físico, mas também testava seu foco mental. A
sensação era de que não daria mais para voltar em alto nível. E quando viu que
era possível, não imaginava que o resultado seria tão imediato. “O ciclo olímpico, para mim, estava perdido.
Ia lutar para 2024. Mas consegui voltar mais rápido que o esperado, a Gui Lin
parou de jogar e abriu esse espaço na Seleção de novo. As coisas aconteceram muito
rápido, consegui boas vitórias nesse período curto para reconquistar meu
espaço. Foi muito gratificante, me sinto uma atleta mais tranquila. Com mais
maturidade para jogar”, comemora.
Sua capacidade de adaptação foi colocada à
prova novamente em 2020. Depois voltar a fazer “bons jogos, com boas vitórias”
em 2019, Carol Kumahara passou a morar fora do Brasil, vivendo na Espanha e
jogando em dois clubes ao mesmo tempo: no Tecnigen Linares, da Superdivisão
Espanhola; e no Tennistavolo Norbello, da Serie A1, na Itália. No total, foram
sete meses de aprendizado e amadurecimento, mas também de bastante dedicação. “Na
questão cultural, os dois países são um pouco parecidos, não muda tanto. Mas é
muito cansativo. Apesar de eu ter feito poucos jogos na Itália, essa questão de
viajar e jogar foi bem cansativa para mim. Não esperava que fosse ser tanto,
mas foi. Não pretendo fazer tão em breve de novo. Acho que o ideal é ficar mais
concentrada em uma liga só”, refletiu a atleta.
Mas se por um lado a rotina de viagens, treinos
e jogos era cansativa, por outro também obrigou Carol a se preparar em alta
intensidade. Como nos outros momentos de sua trajetória, a adaptação fez o jogo
virar a seu favor. “Jogando liga você fica sem alternativa, precisa pegar ritmo
de jogo. Isso é uma coisa bem positiva. Apesar de a liga ter sido mais curta
por causa da pandemia, a gente teve bastantes jogos. É adaptar o tempo inteiro,
um jogo atrás do outro”, afirma.
A atleta está com a delegação brasileira em
Hamamatsu, no Japão. Depois das diferentes sensações nos últimos três ciclos
olímpicos, o sentimento de Carol Kumahara, faltando poucos dias para os Jogos,
é de confiança. “Me sinto bem. Desde 2019 tenho feito bons jogos, com boas
vitórias. Chego bem confiante para essa Olimpíada”, finaliza a atleta.
Carol Kumahara jogou na Espanha e na Itália na temporada europeia. |
Colaboração de foto: André Soares/CBMT
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