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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Veli relata como viveu a pandemia, cuidados com os parentes e superação para chegar aos Jogos

Albanês naturalizado brasileiro pede mais consciência da população e acredita na realização dos Jogos em 2021: “Será um sacrifício muito grande”.

Serafim Veli buscará vaga nos Jogos de Tóquio.
Colaboração de texto: Nelson Ayres/Foto&Ação
Colaboração de foto: Wander Roberto/COB
 
O pesista Serafim Veli tem marcas na alma. Albanês naturalizado brasileiro, deixou seu país muito novo, por causa da guerra civil deflagrada. Alguns anos depois, o inimigo é outro, mais sutil e tão letal quanto as balas que cruzavam a casa de sua família, em Tirana. A pandemia do novo coronavírus o assusta, chegou a provocar um desânimo, mas o fez buscar a superação novamente.
 
Segundo Veli, os momentos mais difíceis como atleta foram no início da pandemia: “Foi um ano muito difícil. Estava me preparando para os eventos classificatórios para Tóquio. A preparação era muito forte e tive que jogar tudo fora. Graças a Deus, superei. Eu fiquei um tempo parado, perdi a motivação, a vontade de treinar. Sem objetivo, você perde a vontade. Busquei outras coisas, ficar mais tempo com meu filho, deixar o corpo descansar mais”, lembra.
 
Para quem enfrentou a guerra civil e precisou se refugiar na Grécia para continuar a vida, encarar as restrições impostas pela pandemia parecem ser mais simples. Pelo menos, em termos de entendimento do que se passa ao redor. Assim, o atleta pede um pouco mais de consciência das pessoas nesta segunda onda de casos, que lota hospitais país afora.
 
“Essa é uma guerra biológica. Às vezes, as pessoas não entendem que isso é um negócio sério. Acham que é uma gripe, um resfriado. Um primo da minha esposa (a brasileira Aline) faleceu aqui no Brasil. Na Europa, meus parentes se cuidaram bem. Tenho filho (Bruno) e preciso me proteger duas vezes. Tem que se proteger mesmo, a vida é bonita, tem que se cuidar”, avisa.
 
Segundo Veli, o problema não é a cultura brasileira e sim a maneira como as pessoas encaram a situação: “Depende de como a pessoa leva a vida. Se leva a sério, vai se proteger. O problema são os jovens, que acham que são invisíveis. Meu pai, de 65 anos, que é do grupo de risco, ficou em casa. Amigos o chamaram para tomar um café e ele respondeu que prefere tomar café em casa, pois gosta da vida. Eles levaram a sério”. O atleta acredita que os governantes também podem criar medidas mais efetivas e multas para quem não cumpre as determinações.
 
Última Olímpiada
 
Serafim Veli sabe que esta é a sua última chance de disputar uma Olimpíada. Sua última chance de concretizar um projeto de vida: “Quero chegar entre os oito melhores. É um sonho que tenho como atleta. A gente tem que superar. É muito difícil viver assim. Acho que vão acontecer os Jogos Olímpicos, com muito sacrifício. Alguns atletas, como eu, não conseguem mais suportar a carga de treinos para buscar outra Olimpíada”.
 
Depois dos Jogos, pretende continuar competindo, no plano nacional. Mas já tem um novo objetivo de vida: “Quero passar o que aprendi para outros atletas. Estou criando um projeto em Santo André, onde vou trabalhar como treinador, com crianças”.
 
Lições para os jovens não faltam.
 

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