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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

#meeducafolia! quer usar Carnaval para educar em Salvador

Baiano que é baiano ama sua cidade, seu povo, cultura e história. Baiano que é baiano cuida, porque ama. E cuidar também é educar!

Movimento quer criar pacto pela educação em Salvador.
Texto e fotos: Bernardo Mussi

Por isso a educação deve ser uma prática diária, individual e institucional. Eu, você, empresas, instituições públicas, meios de comunicação e eventos podemos ser tão educadores como a família, escolas e universidades. Educação no sentido amplo, do comportamento, da ética, da moral e das condutas socialmente corretas.

Então que tal criarmos um “pacto pela educação” em Salvador como forma de manifestar todo o nosso amor por nossa cidade? Algo como uma união entre pessoas e instituições que possam promover bons exemplos à nossa gente com influências positivas através de ações inovadoras e eficientes.

União como a que rola no carnaval que envolve milhares de pessoas, empresas, órgãos públicos, todos os veículos de comunicação, turismo, cultura, meio ambiente e arte com um poder descomunal de influenciar comportamentos. Para o bem e para o mal...

Os ambulantes passam a morar com suas famílias ao relento.
Para o bem ao produzir alegria, aquecer a economia, promover excelentes manifestações culturais, divulgar a cidade para o mundo e oferecer pequenos lampejos de boas ações para a educação e sustentabilidade.

Para o mal ao banalizar uma enxurrada de exemplos negativos, como os trios que estacionam sobre calçadas e berram na porta de residências e patrimônios culturais tombados. Como os carros, estruturas de apoio e camarotes que invadem praças, jardins e ciclovias. Como a situação degradante dos ambulantes que passam a morar com suas famílias ao relento, em meio ao lixo, ao barulho e a cegueira de todos nós.

O que dizer das praias e vias públicas que viram lixões? E da produção vergonhosa de resíduos plásticos por tanta gente que os condena?

Lixo espalhado por todo Bairro.
Tem ainda o estímulo ao consumo irrestrito do álcool que ganhou protagonismo preocupante ao longo dos anos. Sem cerveja, ou cervejarias, não tem alegria nem carnaval. Pelo menos esse que “deseducadamente” atropelou o calendário oficial em muitos dias.

O lance é que depois do “vale tudo” fica difícil cobrar a lei do silêncio, educação no trânsito, cuidado com os espaços públicos e patrimônios culturais. Fica difícil cobrar consciência ecológica, respeito a horários, consumo consciente e dignidade no trabalho.

Fica difícil explicar aos baianinhos que herdarão esta cidade o que é certo ou errado pela conveniência da ocasião. Fica tudo relativizado, banalizado, e o correto perde sua lógica em meio a ilegalidades totalmente injustificáveis. Como o Carnaval da Barra, um modelo agigantado, injusto, degradante e mal-educado que precisa se adequar à vocação do bairro, e não o contrário.

Por isso acho que o Carnaval tem funcionado como um freio ao processo de educação da nossa cidade. Como se déssemos dois passos à frente com o que aprendemos nas melhores fontes de informação sobre meio ambiente e cidadania, por exemplo, e um passo para trás com o que aprendemos na folia.  Temos que melhorar.

Os invisíveis expõem o outro lado da folia.
Um bom começo é olhar para o “outro lado da folia”, o carnaval dos exemplos negativos, e tudo que ele tem a nos ensinar. Temos que encarar de frente as excentricidades que a TV não mostra para criarmos um carnaval mais inteligente, atraente e sustentável.

Seria massa, por exemplo, ver artistas declarando suas paixões pela cidade, falando do Parque Marinho da Barra, que Salvador é uma joia rara, que precisa do nosso cuidado e dedicação.

Seria ótimo falar do Farol, sua importância histórica, nossos museus, da Baía de Todos os Santos, de Kirimurê, da qualidade do nosso mar, praias e visual.

Seria bacana criar um concurso para as músicas mais “educativas” do carnaval incentivando pagodes do tipo, “senta, senta, senta com sua gata no Farol e veja que lindo pôr do sol”. Também para os blocos, trios e camarotes mais sustentáveis.

Engarrafamento de carros transitando pela calçada.
Seria lindo ver patrocinadores, blocos, camarotes, produtoras, imprensa e órgãos públicos diminuindo o uso de plásticos e descartáveis em adereços, embalagens e peças publicitárias. E batalhando para impedir que trios, carros e estruturas invadam calçadas, praças, jardins e patrimônios históricos.

Até a Santa Dulce dos Pobres ficaria feliz ao ver esse pacto tratando com carinho os ambulantes e suas famílias que ficam invisíveis durante a folia.

O lance é adotar um conjunto de ações articuladas para influenciar as massas com informações e exemplos positivos. O lance é despertar o sentimento de pertencimento, o orgulho e o amor da nossa gente por nossa cidade. O lance é usar nossa baianidade para promover educação através do Carnaval.

Este é um caminho sem volta, daí a necessidade de começarmos logo esse movimento por um Carnaval socialmente mais incrível através da cidadania coletiva e com a cara dos baianos de verdade. Porque se temos o maior Carnaval do planeta temos também a melhor oportunidade para produzir algo realmente positivo para a Bahia.

Por isso peço aos baianos que amam, rogo aos que cuidam e imploro aos que educam que tratem a ideia do pacto com carinho. Assim como os baianinhos de hoje eu também preciso de mais educação e boas referências por uma cidade melhor.

Assim como eles peço, por favor, ME EDUCA FOLIA!

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