Movimento quer criar pacto pela educação em Salvador. |
Texto
e fotos: Bernardo Mussi
Por
isso a educação deve ser uma prática diária, individual e institucional. Eu,
você, empresas, instituições públicas, meios de comunicação e eventos podemos
ser tão educadores como a família, escolas e universidades. Educação no sentido
amplo, do comportamento, da ética, da moral e das condutas socialmente
corretas.
Então
que tal criarmos um “pacto pela educação” em Salvador como forma de manifestar
todo o nosso amor por nossa cidade? Algo como uma união entre pessoas e
instituições que possam promover bons exemplos à nossa gente com influências
positivas através de ações inovadoras e eficientes.
União
como a que rola no carnaval que envolve milhares de pessoas, empresas, órgãos
públicos, todos os veículos de comunicação, turismo, cultura, meio ambiente e
arte com um poder descomunal de influenciar comportamentos. Para o bem e para o
mal...
Os ambulantes passam a morar com suas famílias ao relento. |
Para
o bem ao produzir alegria, aquecer a economia, promover excelentes
manifestações culturais, divulgar a cidade para o mundo e oferecer pequenos
lampejos de boas ações para a educação e sustentabilidade.
Para
o mal ao banalizar uma enxurrada de exemplos negativos, como os trios que
estacionam sobre calçadas e berram na porta de residências e patrimônios
culturais tombados. Como os carros, estruturas de apoio e camarotes que invadem
praças, jardins e ciclovias. Como a situação degradante dos ambulantes que
passam a morar com suas famílias ao relento, em meio ao lixo, ao barulho e a
cegueira de todos nós.
O
que dizer das praias e vias públicas que viram lixões? E da produção vergonhosa
de resíduos plásticos por tanta gente que os condena?
Lixo espalhado por todo Bairro. |
Tem
ainda o estímulo ao consumo irrestrito do álcool que ganhou protagonismo
preocupante ao longo dos anos. Sem cerveja, ou cervejarias, não tem alegria nem
carnaval. Pelo menos esse que “deseducadamente” atropelou o calendário oficial
em muitos dias.
O
lance é que depois do “vale tudo” fica difícil cobrar a lei do silêncio,
educação no trânsito, cuidado com os espaços públicos e patrimônios culturais.
Fica difícil cobrar consciência ecológica, respeito a horários, consumo
consciente e dignidade no trabalho.
Fica
difícil explicar aos baianinhos que herdarão esta cidade o que é certo ou
errado pela conveniência da ocasião. Fica tudo relativizado, banalizado, e o
correto perde sua lógica em meio a ilegalidades totalmente injustificáveis.
Como o Carnaval da Barra, um modelo agigantado, injusto, degradante e
mal-educado que precisa se adequar à vocação do bairro, e não o contrário.
Por
isso acho que o Carnaval tem funcionado como um freio ao processo de educação
da nossa cidade. Como se déssemos dois passos à frente com o que aprendemos nas
melhores fontes de informação sobre meio ambiente e cidadania, por exemplo, e
um passo para trás com o que aprendemos na folia. Temos que melhorar.
Os invisíveis expõem o outro lado da folia. |
Um
bom começo é olhar para o “outro lado da folia”, o carnaval dos exemplos
negativos, e tudo que ele tem a nos ensinar. Temos que encarar de frente as
excentricidades que a TV não mostra para criarmos um carnaval mais inteligente,
atraente e sustentável.
Seria
massa, por exemplo, ver artistas declarando suas paixões pela cidade, falando
do Parque Marinho da Barra, que Salvador é uma joia rara, que precisa do nosso
cuidado e dedicação.
Seria
ótimo falar do Farol, sua importância histórica, nossos museus, da Baía de
Todos os Santos, de Kirimurê, da qualidade do nosso mar, praias e visual.
Engarrafamento de carros transitando pela calçada. |
Até
a Santa Dulce dos Pobres ficaria feliz ao ver esse pacto tratando com carinho
os ambulantes e suas famílias que ficam invisíveis durante a folia.
O
lance é adotar um conjunto de ações articuladas para influenciar as massas com
informações e exemplos positivos. O lance é despertar o sentimento de
pertencimento, o orgulho e o amor da nossa gente por nossa cidade. O lance é
usar nossa baianidade para promover educação através do Carnaval.
Este
é um caminho sem volta, daí a necessidade de começarmos logo esse movimento por
um Carnaval socialmente mais incrível através da cidadania coletiva e com a
cara dos baianos de verdade. Porque se temos o maior Carnaval do planeta temos
também a melhor oportunidade para produzir algo realmente positivo para a
Bahia.
Por
isso peço aos baianos que amam, rogo aos que cuidam e imploro aos que educam
que tratem a ideia do pacto com carinho. Assim como os baianinhos de hoje eu
também preciso de mais educação e boas referências por uma cidade melhor.
Assim
como eles peço, por favor, ME EDUCA FOLIA!
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