Treinadora
pretende trocar algumas peças e experimentar um novo sistema tático.
Fonte:
CBF
Créditos: Thais Magalhães/CBF
A
treinadora Pia Sundhage concedeu uma entrevista coletiva após o treino desta
quarta-feira (20), o último antes do duelo contra o Peru pela última rodada da
fase de grupos da CONMEBOL Copa América. Na atividade, a treinadora trabalhou a
formação 3-4-3 em vez da habitual 4-4-2. A comandante explicou as mudanças que
pretende aplicar no decorrer da partida: “Teremos algumas jogadoras novas, com
pernas frescas. Além disso, teremos a chance de jogar num sistema diferente.
Estamos preparadas para jogar das duas formas, com três ou quatro jogadoras na
linha de trás, a depender de como for o jogo”, disse.
Já
classificada como líder da chave, a Seleção busca encerrar a primeira etapa do
torneio com 100% de aproveitamento. A comandante planeja aproveitar a
oportunidade para dar minutagem ao elenco e testar algumas alterações no
sistema de jogo tendo em vista os próximos desafios e o processo de renovação
da equipe. “Espero bastante intensidade, porque algumas das jogadoras não vêm
jogando, vêm treinando e nos preparamos bem para essa partida. É uma mudança
animadora, porque faremos duas coisas, talvez jogando em dois sistemas
diferentes. Se você está no banco há muitos minutos, agora é sua vez de brilhar
no time e com o time. Espero velocidade de jogo, muitas emoções, muitas chances
de gol e retomada de bola quando perdermos a posse. Hoje, no treino, tivemos um
grupo feliz, eu podia sentir as emoções vindo delas e espero que mantenham essa
alegria e, ao mesmo tempo, façam seu melhor juntas”, projetou.
Em
relação à qualidade das jogadoras, acredito que temos jogadoras mais dinâmicas
hoje. Elas são mais jovens e trazem soluções diferentes no campo. Na Olimpíada,
tínhamos jogadoras consolidadas e experientes, com muitos jogos na bagagem. As
novas jogadoras que temos agora nos surpreendem às vezes, especialmente no
ataque, onde vão muito bem, mas às vezes não seguem o plano de jogo. Acho que é
uma questão de equilíbrio. Já em relação à defesa, acho que temos um pouco mais
a aprimorar na defesa individualmente, em especial na retomada de posse, em
comparação à solidez defensiva que tínhamos na Olimpíada.
Rodagem da equipe
É
importante que elas possam competir internamente pela vaga, que todas as
jogadoras que não estão entre as 11 titulares pensem que precisam dar mais de
si no próximo treino. Se você consegue criar esse ambiente, se torna capaz de
competir contra qualquer equipe do mundo. Onze jogadoras começam a partida, mas
onze jogadoras diferentes terminam essa partida, e todas elas são importantes.
É muito importante que você mude o jogo quando vem do banco. A Gabi Portilho,
por exemplo, fez um ótimo trabalho, garantindo que aproveitássemos mais a
largura do campo do lado direito. Jogadoras mais novas precisam se preparar,
então nós normalmente dizemos para elas “vocês precisam jogar o jogo do banco,
olhar, ouvir o que está acontecendo para estarem preparadas. Estamos melhorando
cada vez mais e acho que essa pode ser um trunfo importante para o futuro, não
só mudar o jogo mas também ouvir as instruções táticas. Se pudermos ser um
pouco mais táticas, mais eficientes em seguir o plano de jogo, nosso desempenho
vai melhorar ainda mais.
Defesas mais baixas e nível da
Copa América
Quando
você joga uma partida contra uma defesa de baixa pressão, ou quando queremos
manter a posse de bola, a velocidade do jogo é muito importante. Se
conseguirmos acelerar o jogo um pouco, a movimentação sem a bola é mais rápida,
trocamos de posição e usamos mais a largura do campo para abrir o jogo. Acho
que esse é um de nossos desafios, porque se você analisar como nós criamos
chances e como marcamos alguns gols, é mais pelo meio, e se nós atacamos
centralizadas, bem na frente do gol, as marcadoras precisam cobrir o espaço
para defender, o que abre muito espaço nas alas. Precisamos fazer um pouco dos
dois. Se abrirmos o jogo - e espero que façamos isso amanhã - e acharmos uma
maneira de vencer a marcação, seja no 1x1, 2x2, com a velocidade ou a troca de
posição para chegar à última linha… se chegamos à última linha, é muito difícil
se defender contra o Brasil, porque temos muitas jogadoras qualificadas
entrando na área.
Jogadoras brasileiras precisam
atuar fora do país?
É
uma boa pergunta e difícil de responder. Aqui
e agora, acho que muitos treinadores concordariam comigo que as ligas na
Europa são muito fortes, se você olhar para a Champions ou a Euro, e também a
liga dos EUA. Temos jogadoras nesses dois centros. Em comparação ao Brasileiro,
não temos tantos jogos competitivos quando eles. Alguns são muito equilibrados
e fenomenais, outros não são tão competitivos quanto os que vemos na Europa.
Atualmente, se você joga na Europa, tem a chance de competir contra culturas
diferentes. Porém - e eu acho que isso é muito importante e é uma das razões
pelas quais estou no Brasil -, se nós começarmos a pensar no que é o nível
profissional e cada um de nós batalhar pelo desenvolvimento da modalidade, seja
em relação a treinamento, estrutura, treinadores, entrevistas, não é só sobre
fazer o Brasil evoluir e sim desenvolver o futebol feminino em toda a América
do Sul. O Brasil pode dar o primeiro passo, a começar pelas categorias de base.
Temos o sub-20 e o sub-17 e deveríamos ter também o sub-15. No longo prazo,
acho que a resposta é não, não quero que ninguém tenha que ir jogar na Europa ou
nos EUA. No curto prazo, isso facilitaria um pouco as coisas, com uma ou duas
exceções. Eu gostaria de ser parte da mudança da América do Sul. Sei que isso é
ambicioso, mas se o Brasil começa com a questão “o que é profissional?”, cada
jogadora em cada clube do Brasileirão se perguntando do que precisamos em
termos de performance, preparação e a pensar no próximo passo… eu já disse isso
antes: quando vi meu primeiro jogo no Brasil, em comparação ao Palmeiras x
Corinthians, por exemplo, há uma grande diferença. É passo a passo e na América
do Sul, onde todos amam o futebol, é claro que isso deveria incluir também o
feminino e fazer o melhor pela modalidade. No momento, temos jogadoras em
diferentes continentes e acho que isso é ótimo.
Pretende definir um time base
em breve ou só mais perto da Copa?
Depende.
Primeiro, precisamos nos classificar para a Copa do Mundo, e eu preciso
salientar isso. Quando nos classificarmos, o plano é ter um ano de preparação,
e cada jogo, cada viagem, cada atleta será importante. É uma questão de
equilíbrio, porque teremos competição pelas 11 vagas iniciais, e às vezes
algumas jogadoras simplesmente estão rendendo ao máximo. Temos a Adriana, por
exemplo, nesses dois ou três últimos jogos, marcando muitos gols e etc. Temos
que levar isso em consideração. Quanto mais perto estivermos da Copa do Mundo,
mais importante é termos as mesmas 11 iniciais. Eu acho que a gente perde a
bola com mais facilidade do que devíamos e a razão para isso, geralmente, é que
elas não estão conectadas. Mas se tiverem mais minutos juntas nos treinos e
jogos, elas se conectarão. E essa é a dificuldade no último terço, no último
passe: precisamos de conexão. É sempre saudável ter um pouco de competição para
que ninguém jamais deixe de valorizar algo por achar que estará sempre à sua
disposição. Estou tentando achar esse equilíbrio, porque quero dar às jogadoras
mais jovens a chance de brilhar e de se destacar junto ao time. Debatemos isso
não só em relação à escalação oficial como em relação ao grupo todo. porque é
muito diferente se você tem uma jogadora como a Portilho vindo do banco. Como
podemos usar sua força? Devemos utilizá-la de início? Vindo do banco? Já contra
o Peru ou, futuramente, em jogos ainda maiores? Esse tipo de debate com a minha
comissão será muito importante. Com as jogadoras que temos agora, temos uma
chance muito grande de resolver todas essas questões em um ano.
Angelina e Pia Sundhage. |
Créditos: Thais Magalhães/CBF
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