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quinta-feira, 21 de julho de 2022

Brasil x Peru: Pia Sundhage comenta mudanças na Seleção Feminina

Treinadora pretende trocar algumas peças e experimentar um novo sistema tático.
 
Pia Sundhage comenta mudanças na Seleção Feminina para a partida contra o
Angelina e Pia Sundhage.
Fonte: CBF
Créditos: Thais Magalhães/CBF
 
A treinadora Pia Sundhage concedeu uma entrevista coletiva após o treino desta quarta-feira (20), o último antes do duelo contra o Peru pela última rodada da fase de grupos da CONMEBOL Copa América. Na atividade, a treinadora trabalhou a formação 3-4-3 em vez da habitual 4-4-2. A comandante explicou as mudanças que pretende aplicar no decorrer da partida: “Teremos algumas jogadoras novas, com pernas frescas. Além disso, teremos a chance de jogar num sistema diferente. Estamos preparadas para jogar das duas formas, com três ou quatro jogadoras na linha de trás, a depender de como for o jogo”, disse.
 
Já classificada como líder da chave, a Seleção busca encerrar a primeira etapa do torneio com 100% de aproveitamento. A comandante planeja aproveitar a oportunidade para dar minutagem ao elenco e testar algumas alterações no sistema de jogo tendo em vista os próximos desafios e o processo de renovação da equipe. “Espero bastante intensidade, porque algumas das jogadoras não vêm jogando, vêm treinando e nos preparamos bem para essa partida. É uma mudança animadora, porque faremos duas coisas, talvez jogando em dois sistemas diferentes. Se você está no banco há muitos minutos, agora é sua vez de brilhar no time e com o time. Espero velocidade de jogo, muitas emoções, muitas chances de gol e retomada de bola quando perdermos a posse. Hoje, no treino, tivemos um grupo feliz, eu podia sentir as emoções vindo delas e espero que mantenham essa alegria e, ao mesmo tempo, façam seu melhor juntas”, projetou.
 
Em relação à qualidade das jogadoras, acredito que temos jogadoras mais dinâmicas hoje. Elas são mais jovens e trazem soluções diferentes no campo. Na Olimpíada, tínhamos jogadoras consolidadas e experientes, com muitos jogos na bagagem. As novas jogadoras que temos agora nos surpreendem às vezes, especialmente no ataque, onde vão muito bem, mas às vezes não seguem o plano de jogo. Acho que é uma questão de equilíbrio. Já em relação à defesa, acho que temos um pouco mais a aprimorar na defesa individualmente, em especial na retomada de posse, em comparação à solidez defensiva que tínhamos na Olimpíada.
 
Rodagem da equipe
 
É importante que elas possam competir internamente pela vaga, que todas as jogadoras que não estão entre as 11 titulares pensem que precisam dar mais de si no próximo treino. Se você consegue criar esse ambiente, se torna capaz de competir contra qualquer equipe do mundo. Onze jogadoras começam a partida, mas onze jogadoras diferentes terminam essa partida, e todas elas são importantes. É muito importante que você mude o jogo quando vem do banco. A Gabi Portilho, por exemplo, fez um ótimo trabalho, garantindo que aproveitássemos mais a largura do campo do lado direito. Jogadoras mais novas precisam se preparar, então nós normalmente dizemos para elas “vocês precisam jogar o jogo do banco, olhar, ouvir o que está acontecendo para estarem preparadas. Estamos melhorando cada vez mais e acho que essa pode ser um trunfo importante para o futuro, não só mudar o jogo mas também ouvir as instruções táticas. Se pudermos ser um pouco mais táticas, mais eficientes em seguir o plano de jogo, nosso desempenho vai melhorar ainda mais.
 
Defesas mais baixas e nível da Copa América
 
Quando você joga uma partida contra uma defesa de baixa pressão, ou quando queremos manter a posse de bola, a velocidade do jogo é muito importante. Se conseguirmos acelerar o jogo um pouco, a movimentação sem a bola é mais rápida, trocamos de posição e usamos mais a largura do campo para abrir o jogo. Acho que esse é um de nossos desafios, porque se você analisar como nós criamos chances e como marcamos alguns gols, é mais pelo meio, e se nós atacamos centralizadas, bem na frente do gol, as marcadoras precisam cobrir o espaço para defender, o que abre muito espaço nas alas. Precisamos fazer um pouco dos dois. Se abrirmos o jogo - e espero que façamos isso amanhã - e acharmos uma maneira de vencer a marcação, seja no 1x1, 2x2, com a velocidade ou a troca de posição para chegar à última linha… se chegamos à última linha, é muito difícil se defender contra o Brasil, porque temos muitas jogadoras qualificadas entrando na área.
 
Jogadoras brasileiras precisam atuar fora do país?
 
É uma boa pergunta e difícil de responder. Aqui  e agora, acho que muitos treinadores concordariam comigo que as ligas na Europa são muito fortes, se você olhar para a Champions ou a Euro, e também a liga dos EUA. Temos jogadoras nesses dois centros. Em comparação ao Brasileiro, não temos tantos jogos competitivos quando eles. Alguns são muito equilibrados e fenomenais, outros não são tão competitivos quanto os que vemos na Europa. Atualmente, se você joga na Europa, tem a chance de competir contra culturas diferentes. Porém - e eu acho que isso é muito importante e é uma das razões pelas quais estou no Brasil -, se nós começarmos a pensar no que é o nível profissional e cada um de nós batalhar pelo desenvolvimento da modalidade, seja em relação a treinamento, estrutura, treinadores, entrevistas, não é só sobre fazer o Brasil evoluir e sim desenvolver o futebol feminino em toda a América do Sul. O Brasil pode dar o primeiro passo, a começar pelas categorias de base. Temos o sub-20 e o sub-17 e deveríamos ter também o sub-15. No longo prazo, acho que a resposta é não, não quero que ninguém tenha que ir jogar na Europa ou nos EUA. No curto prazo, isso facilitaria um pouco as coisas, com uma ou duas exceções. Eu gostaria de ser parte da mudança da América do Sul. Sei que isso é ambicioso, mas se o Brasil começa com a questão “o que é profissional?”, cada jogadora em cada clube do Brasileirão se perguntando do que precisamos em termos de performance, preparação e a pensar no próximo passo… eu já disse isso antes: quando vi meu primeiro jogo no Brasil, em comparação ao Palmeiras x Corinthians, por exemplo, há uma grande diferença. É passo a passo e na América do Sul, onde todos amam o futebol, é claro que isso deveria incluir também o feminino e fazer o melhor pela modalidade. No momento, temos jogadoras em diferentes continentes e acho que isso é ótimo.
 
Pretende definir um time base em breve ou só mais perto da Copa?
 
Depende. Primeiro, precisamos nos classificar para a Copa do Mundo, e eu preciso salientar isso. Quando nos classificarmos, o plano é ter um ano de preparação, e cada jogo, cada viagem, cada atleta será importante. É uma questão de equilíbrio, porque teremos competição pelas 11 vagas iniciais, e às vezes algumas jogadoras simplesmente estão rendendo ao máximo. Temos a Adriana, por exemplo, nesses dois ou três últimos jogos, marcando muitos gols e etc. Temos que levar isso em consideração. Quanto mais perto estivermos da Copa do Mundo, mais importante é termos as mesmas 11 iniciais. Eu acho que a gente perde a bola com mais facilidade do que devíamos e a razão para isso, geralmente, é que elas não estão conectadas. Mas se tiverem mais minutos juntas nos treinos e jogos, elas se conectarão. E essa é a dificuldade no último terço, no último passe: precisamos de conexão. É sempre saudável ter um pouco de competição para que ninguém jamais deixe de valorizar algo por achar que estará sempre à sua disposição. Estou tentando achar esse equilíbrio, porque quero dar às jogadoras mais jovens a chance de brilhar e de se destacar junto ao time. Debatemos isso não só em relação à escalação oficial como em relação ao grupo todo. porque é muito diferente se você tem uma jogadora como a Portilho vindo do banco. Como podemos usar sua força? Devemos utilizá-la de início? Vindo do banco? Já contra o Peru ou, futuramente, em jogos ainda maiores? Esse tipo de debate com a minha comissão será muito importante. Com as jogadoras que temos agora, temos uma chance muito grande de resolver todas essas questões em um ano.
 

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